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TESES DE DOUTORADO // TESES EM 2008 |
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ANDRÉ GUIMARÃES BRAZIL |
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Modulação/Montagem: ensaio sobre biopolítica e experiência estética |
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Orientadora: Ivana Bentes de Oliveira
Resumo: Qual a dimensão política da experiência estética no contexto da biopolítica? Em via inversa, qual a dimensão estética da política? Motivados por estas questões, elaboramos um ensaio, no qual se articulam dois domínios teóricos: o primeiro retoma o conceito de biopolítica, formulado originalmente por Michel Foucault, para descrever seus desdobramentos contemporâneos. O segundo domínio abriga um conjunto de teorias recentes que buscam definir o estatuto da experiência estética, para além da esfera específica da arte. Primeiramente, define-se a biopolítica como o poder que, em consonância com o Estado liberal e o capitalismo, se interessa pela vida em suas dimensões individual e coletiva. Se, a partir de Gilbert Simondon, a vida é o processo de defasagem, variação e modulação do ser, a biopolítica se caracteriza aqui como o conjunto de estratégias que modulam a modulação da vida. A dificuldade em se responder a questão proposta pela pesquisa está no fato de que as estratégias biopolíticas se voltam, atualmente, para a dimensão estética da experiência, ou seja, elas atuam justamente no interior dos processos que permitem à vida se reinventar e que podem provocar, no cotidiano, a ampliação de seu horizonte de possibilidades. Dito de outro modo, a biopolítica é constitutiva de um capitalismo estético, que transborda os limites da empresa para investir na força de invenção e de recriação da vida. Trata-se, nesse caso, principalmente, de um investimento no tempo: interessa menos a vida em sua atualidade do que suas potencialidades. Nossa hipótese é a de que há uma dimensão política naquela que se constitui como estética do ordinário. Para além do artístico, o potencial político da experiência estética se encontra na esfera do uso: aqui, o uso se liga a outros conceitos – a montagem, a bricolagem, a profanação – para que se mostre como, na experiência cotidiana, nos apropriamos dos objetos, dos dispositivos e das linguagens. Se o tempo da biopolítica se define pelo cálculo e pela antecipação, o uso nos faz encontrar uma outra temporalidade, um tempo potencial, tempo da memória, da origem e da infância, segundo teoria de Walter Benjamin retomada por Giorgio Agamben. A cada uso dos objetos e dos dispositivos, a cada ato de linguagem, é todo o passado que se torna novamente possível, ou seja, todo o passado que se abre como possibilidade. |
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CEZAR ÁVILA MIGLIORIN |
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Eu Sou Aquele Que Está de Saída: dispositivo, experiência e biopolítica no documentário contemporâneo |
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Orientadores: Ivana Bentes de Oliveira e Philippe Dubois
Resumo: Propomos um estudo que parte do encontro entre filmes e textos sobre o documentário contemporâneo que nos leva a formular a noção de filme-dispositivo. Estabelecida a noção de dispositivo, buscamos entender os efeitos e as potências desta operação para a produção de filmes ligados ao campo do documentário. As potências rizomáticas, conexionista e de experiência do dispositivo encontram limites na forma como o capitalismo contemporâneo está, também ele, interessado nessas mesmas potências. Com este problema, desenvolvemos a noção de uma resistência paradoxal em ambiente biopolítico. Entre o elogio à individuação e os dissensos políticos, trabalhamos com a noção de democracia no documentário como operador dos embates necessários para a manutenção do dispositivo como espaço de diferença. |
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JOÃO BARRETO DA FONSECA |
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O Homem que Virou Fluxo: Aparelhos celulares e neo-realismo digital |
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Orientador: André de Souza Parente
Resumo: As condições materiais dos registros de imagens e os recursos de conexão dos aparelhos celulares compõem uma nova condição visual marcada pela vigilância contínua, pelas captações velozes que relativizam a tradição figurativa e facilitam a participação do corpo no processo de comunicação. O novo paradigma de produção, transmissão e aceitação de imagens, apresentado pelos celulares, que, junto com outros dispositivos tecnológicos, compõem um neo-realismo digital, é marcado pela variedade temática, pela pletora de imagens, num quadro acentuado de excitação nervosa e risco corporal e desconstrução da objetividade distanciada. As imagens das câmeras dos aparelhos de telefonia móvel, exibidas na televisão, são acompanhadas de narrativas que tentam justificar esse novo quadro provisório e conferir uma aparência socialmente aceitável às imagens “selvagens”. E também funcionam como tentativas de entendimento diante da imposição de um sistema de imprevisibilidades. No momento em que a ciência promete banir a morte, as imagens radicais se tornaram uma mercadoria de luxo e liberaram as novas câmeras digitais para espreitar acidentes. A convivência estreita com os novos dispositivos resulta numa hibridização do corpo com a máquina e a obsessão pelo registro de cenas de morte sugere associações com o prazer e com o consumo. A distância entre observador e acontecimento, garantida pelas tecnologias de visão, somada à possibilidade de disfarce dos portáteis, estimula a sensação de se estar isento de calamidades e fortalece o desejo de participação. Assim como as tecnologias narrativas da modernidade, os paramentos digitais funcionam como anteparos da vida urbana, como maneiras de administrar os problemas relativos à mobilidade e à segurança, constituindo-se numa espécie de treinamento para novas experiências comportamentais e estéticas. |
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LARISSA GRANDI VAITSMAN BASTOS |
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Corpografias: entre o analógico e o digital |
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Orientadora: Nízia Maria de Souza Villaça
Resumo: A escrita do corpo na pós-modernidade e sua desmaterialização no trânsito entre os paradigmas analógicos e digitais, integrados pelos processos de globalização, compõem a hipótese desenvolvida neste trabalho. Aborda-se o atual papel da mídia como lugar de negociação entre as diversas vertentes e seguimentos da sociedade, além da influência das novas tecnologias, a interatividade e a velocidade identificadas nos processos de criação, de formação e de transmissão de informações e mensagens. A questão da identidade e os processos de subjetivação dialogam com a cultura do consumo, em que a publicidade exerce papel importante. Por sua vez, a fotografia surge como linguagem de destaque em seu papel de objeto de culto e pela versatilidade que oferece na mídia de hoje, guiada pelas novas tecnologias. O foco no corpo está localizado em sua construção, nas distorções e ilusões pertinentes a um padrão ditado com inspiração na mídia, atuando como ‘peça’ chave nos processos de afirmação de identidade e do desejo de pertencimento. É ele que abre caminho e funciona como passaporte para um mundo estetizado. Em contraponto, observamos as conseqüências extremas que o fazem chegar ao limite por meio de intervenções médicas radicais e múltiplas, assim como pelos transtornos alimentares. A identidade feminina ganha destaque por sua importância na atualidade na dinâmica de consumo, moda e mídia, onde a super exposição e a exploração imperam, tendo sua imagem estruturada em via de dupla mão, pois é, ao mesmo tempo, consumida avidamente em busca de uma corporificação de ser e tornar-se imagem: viva, perfeita, híbrida e, fundamentalmente, bela. |
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PATRÍCIA GONÇALVES SALDANHA |
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VICTA DE CARVALHO PEREIRA DA SILVA |
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O Dispositivo na Arte Contemporânea: relações entre cinema, vídeo e mídias digitais |
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Orientadora: André de Souza Parente
Resumo: Os anos noventa são marcados por novas formulações do fazer cinematográfico a partir de questões apresentadas por artistas, responsáveis pelo transporte do cinema para o campo das artes plásticas. O chamado "cinema de exposição" permite importantes deslocamentos das funções pré-determinadas do dispositivo cinema em sua formulação hegemônica, agora atravessado pela imagem eletrônica e numérica. A proposta deste trabalho é pensar o que se dá quando o dispositivo é colocado em evidência e passa a funcionar como um ativador capaz de suscitar acontecimentos imprevisíveis e incompossíveis, quando a experiência da obra importa mais do que a obra em si, e quando a imagem torna-se o próprio lugar de uma experiência da ordem do virtual. A arte contemporânea vem construindo dispositivos que privilegiam cada vez mais a imagem como o lugar de novas experiências, onde o observador é convocado a participar de modo cada vez mais ativo. Interessa-nos rever a relação entre dispositivo e observador ao longo da modernidade para então pensar de que modo ela vem sendo reformulada na atualidade. Sob essa perspectiva, pretendemos abordar, entre outros, os trabalhos recentes de Pipilloti Rist, Eija-Liisa Athila, Douglas Aitken, Douglas Gordon e Jeffrey Shaw. |
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