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DISSERTAÇÕES DE MESTRADO // DISSERTAÇÕES EM 2025 - Em Construção |
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HELENA STRECKER GOMES CARVALHO |
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“Eu Quero Que Ele me Conheça”: personalização, subjetividade e imaginários algorítmicos no Instagram e TikTok |
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Orientadora: Fernanda Glória Bruno
Resumo: Em um cenário digital no qual o modelo da personalização algorítmica se torna cada vez mais hegemônico, algoritmos são crescentemente exaltados como entidades mágicas capazes de “nos conhecer melhor do que nós mesmos”. Tomando como objeto privilegiado os aplicativos Instagram e TikTok, esta pesquisa investiga como as pessoas se relacionam com estes sistemas que buscam “conhecê-las”, adotando uma metodologia qualitativa baseada em 20 entrevistas com usuários regulares de ambas as plataformas. A escolha por estudar os dois aplicativos reflete um contexto de transformação do ecossistema digital, no qual redes tradicionalmente sociais têm perdido espaço para redes algoritmocêntricas, cuja navegação é explicitamente orientada em torno do algoritmo. Em diálogo com autores dos estudos críticos de algoritmos, o trabalho se ancorou em dois conceitos centrais: imaginários algorítmicos (Bucher, 2017), que aponta para como usuários imaginam, percebem e se relacionam com os sistemas no cotidiano, e identidades algorítmicas (Chenney-Lippold, 2017), que se refere a como os sujeitos são interpretados e tornados inteligíveis a partir de dados e análises estatísticas. A partir desses conceitos, a pesquisa explorou três dimensões dessa relação: como os usuários veem os algoritmos, como são vistos por eles e como passam a ver a si mesmos a partir desse encontro. Com base no material das entrevistas, nosso esforço consistiu em trazer para o primeiro plano as experiências, percepções e imaginações elaboradas pelos próprios usuários sobre os sistemas de recomendação. Dentre os achados da pesquisa, notamos como as pessoas reconhecem a presença dos algoritmos, desenvolvem teorizações próprias sobre seu funcionamento, “treinam” o sistema para que ele as conheça ainda melhor e constroem laços afetivos – e até relações íntimas – com ele. Como evidencia a frase que dá título ao trabalho, alguns usuários inclusive desejam ser conhecidos pelo algoritmo. Dessa forma, a pesquisa defende dois argumentos centrais. Primeiro, que os usuários não são meros receptores passivos das recomendações algorítmicas; eles percebem, interpretam, negociam e co-produzem suas relações com os algoritmos, exercendo uma agência fluida (Siles; Gómez-Crus; Ricaurte, 2023). Segundo, que os algoritmos não apenas reivindicam a capacidade de entender os sujeitos, mas também os transformam de maneira performativa, suscitando interesses e modos de ser. Assim, em um looping recursivo que se retroalimenta, tanto as recomendações algorítmicas se ajustam a partir das interações humanas, quanto os próprios sujeitos se transformam ao se relacionar com esses sistemas. |
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Gabriel Monteiro Otaviano Cerqueira |
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Giovana Braga Kebian |
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Tiago Pedro de Araújo Pereira |
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Nathalia Mattos Werneck |
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