Eco.Pós - Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicação da UFRJ - O Curso
 
 
 
// TESES E DISSERTAÇÕES
DISSERTAÇÕES DE MESTRADO // DISSERTAÇÕES EM 2024
ALICE FURTADO DE MENDONÇA
Fabulações Especulativas:
Orientadora: Victa de Carvalho Pereira da Silva
Resumo: Partindo da ideia de que vivemos um tempo de esgotamento, em meio à crise dos modelos de desenvolvimento e à intensificação da cultura extrativista, esta pesquisa volta-se à discussão do conceito tentacular SF (science fiction, science facts, speculative feminism, so far), de Donna Haraway, como uma possibilidade de entendimento do mundo e de “supervivência” no presente quando o futuro não é mais assegurado. O trabalho explora as relações entre este conceito, a literatura especulativa de Ursula K. Le Guin e os filmes de Kelly Reichardt. Reichardt é quem nos oferece a ancoragem principal do trabalho, e seus filmes nos servirão como campo de experimentação do instrumental SF inspirado em Haraway e Le Guin na análise de uma obra mais eminentemente contemporânea. Influenciado pela visão de mundo da arte têxtil (prática celebrada entre as mulheres de diversas culturas desde os primeiros mitos e narrativas), o trabalho assumirá a forma experimental de uma peça de patchwork — uma construção que cria vínculos improváveis entre diferentes campos de conhecimento, teorias, vozes e imagens, dispondo-os um junto ao outro de forma não-hierárquica, mas processual.
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ANA CAROLINA DE CASTRO GALIZIA
Poética do Rastro, Traço do Testemunho
Orientadora: Anita Matilde Silva Leandro
Resumo: Essa pesquisa investiga a retomada de um acervo de desenhos feitos por indígenas Waimiri-Atroari no documentário Apiyemiyekî? (Ana Vaz, 2019). Por meio de uma análise histórica e estética, mostramos como esses desenhos, produzidos no âmbito da prática política e pedagógica do casal de militantes e indigenistas Egydio e Doroti Schwade, surgem no filme como testemunhos do genocídio dos Waimiri-Atroari, exterminados durante a ditadura militar brasileira (1964-1985). Ao sobrepor os materiais de arquivo a imagens filmadas, hoje, pela realizadora, associando-os ao relato oral de Egydio, a montagem inscreve os desenhos na paisagem atual do território indígena invadido, animando, assim, as figuras inertes das folhas de papel. É, então, a partir da valorização da poética dessa matéria residual que o filme dá acesso a uma narrativa visual traçada pelos indígenas e abre uma história acobertada pelo regime militar.
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DIOGO SILVA DA CUNHA
Candeia entre a Quadra e o Disco: fonografias do samba e tradição nos anos 1970
Orientadora: Liv Rebecca Sovik
Resumo: Este trabalho analisa sambas gravados de Antônio Candeia Filho para pensar os modos como as noções de raiz e tradição participaram da produção e da recepção de suas sonoridades, assim como da de outros sambas gravados nos anos 1970 categorizados como “samba de raiz”. Busca refletir a partir do problema colocado por aquilo que na obra do sambista foge à associação imediata com essas duas noções. Para fundamentar a análise, realiza dois mapeamentos críticos sobre o samba urbano carioca: primeiro, sobre como os termos raiz e tradição foram inseridos nos debates entre críticos, agentes culturais e sambistas; segundo sobre o samba como construção sonora relacionada desde cedo com as práticas e inovações técnicas e estéticas da indústria fonográfica. Suas reflexões sobre a cultura popular foram baseadas nas noções e métodos dos estudos culturais do teórico britânico-jamaicano Stuart Hall e em trabalhos da história, da sociologia e da antropologia. Para abordar os sambas gravados a partir de sua sonoridade, a pesquisa recorreu a trabalhos de musicólogos sobre o samba urbano carioca e aos estudos do som. Já para abordar os discos como peças visuais e textuais, recorreu a procedimentos da semiótica de Charles S. Peirce. No processo de análise, observou-se que os discos contavam histórias mais complexas e com mais personagens que a tradicional historiografia do samba e a noção mercadológica de “samba de raiz” dão a entender. Percebeu-se que as associações realizadas pela crítica e pela memória pública de Candeia ao discurso da tradição com viés essencialista foram reforçadas sobretudo pela comunicação visual e textual de seus discos e pelos textos que cercam sua biografia. Contudo, tais associações não resistiram a uma escuta aberta à realidade profundamente inventiva e híbrida de suas realizações fonográficas. Demonstra-se, assim, que a fonografia dos sambas dos anos 1970 foi realizada e distribuída de modos que tanto contribuíram para sua essencialização quanto possibilitam percebê-los como expressões singulares da vivência de um tempo.
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FILIPPO PITANGA GOYTACAZ CAVALHEIRO
Terror Político no Brasil: os documentários sobre o impeachment de 2016
Orientadora: Anita Matilde Silva Leandro
Resumo: A presente pesquisa busca analisar criticamente a filmografia documental que retratou o impeachment de 2016, com enfoque em dois documentários de longa-metragem, O processo (2018), de Maria Augusta Ramos, e Democracia em vertigem (2019), de Petra Costa, pioneiramente lançados no circuito comercial sobre o tema e dirigidos por mulheres. Estudamos a forma como o impeachment de 2016 aparece nesses filmes, com estéticas próximas do filme de terror, evidenciando o terror político vivenciado pela população brasileira no período. Veremos que esses filmes, ao proporcionarem um retorno crítico ao objeto do impeachment, permitem compreender melhor a violência desse fato histórico. O acontecimento contemporâneo retratado nos filmes é aproximado do período da ditadura militar brasileira (1964-1985), com o intuito de entender o contexto histórico no qual se insere o impeachment de 2016 e de golpes anteriores perpetrados no Brasil, que provocaram o medo e o terror na população. Ao analisar a forma como esses dois documentários sobre o impeachment lidam com o terror na política, esta pesquisa busca entender o alcance do cinema na elaboração e revisão de uma memória histórica.
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GIULIA ALVES RIBEIRO
Rastros e Rostos da Segunda Onda do Feminismo no Brasil (1975-1988)
Orientadora: Marialva Carlos Barbosa
Resumo: Esta pesquisa emerge da reflexão explicitada pela relação história e comunicação. O objetivo principal é analisar os processos discursivos fabricados pela ditadura-civil militar no Brasil (1964-1985) enquanto estruturas produtoras de apagamento e silenciamento da memória feminista durante o que hoje é denominado a segunda onda do feminismo (1975-1988). Para isso, na primeira parte do trabalho, Rastros, exploramos um corpus documental de 464 arquivos digitais do Serviço Nacional de Informações (SNI), órgão de espionagem do governo, disponíveis no Arquivo Nacional, a respeito do Centro da Mulher Brasileira (CMB) e do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), acessados por meio de consulta online ao Sistema de Informações do Arquivo Nacional (SIAN). Desses, 84 foram selecionados em função da criação de três categorias principais de análise: os tipos de vigilância evidenciados na documentação, as qualificações impostas às organizações e as formas de caracterização das mulheres integrantes dessas instituições. Neste sentido, os arquivos que não foram percebidos como produtores destes sentidos foram desconsiderados, assim como documentações repetidas, resultando 84 itens. Este corpus, que se apresenta como um rastro de uma história silenciada, é examinado segundo a relação entre memória e esquecimento, reflexões sobre o arquivo e seus desdobramentos conceituais. Já na segunda parte, Rostos, construímos um mosaico desta onda a partir das vozes de lideranças feministas da época, evocando a potencialidade das narrativas de memória enquanto instrumento para fazer emergir rastros outros de restos, que permitem a reconstituição de vidas. Como parte da metodologia inovadora adotada, realizamos dois movimentos a partir de entrevistas: o primeiro é composto por relatos construídos em momento prévio à descoberta da documentação do SNI; já no segundo movimento, realizamos três entrevistas com lideranças do CMB e do CNDM, apresentando os arquivos aqui explorados a elas. Os rostos, diante dos restos da repressão, revelam trabalhos infinitos da memória e sua produção e reconfiguração a partir das localizações das lembranças no presente.
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GUSTAVO MOTA ALVES ASSUNÇÃO NOGUEIRA
À Sombra do Arquivo: a evocação dos mortos em três documentários brasileiros
Orientadora: Anita Matilde Silva Leandro
Resumo: Esta pesquisa é fruto de uma investigação sobre a forma com que determinados filmes documentais, tomando como protagonistas pessoas já mortas, utilizam o material de arquivo para reconstruir uma imagem desses sujeitos ausentes. Almejamos, com isso, discutir a tríplice relação entre cinema, morte e pessoa, questão amplamente trabalhada nas obras escolhidas. Partiremos de três filmes: A Paixão de JL (2015), A Morte Branca do Feiticeiro Negro (2020) e Inconfissões (2018). Narradas na primeira pessoa, na perspectiva de seus respectivos protagonistas — Leonilson, Timóteo e Luiz — as três obras propiciam, de formas distintas, uma interlocução direta com o morto. A partir do manejo de materiais de arquivo e acervos pessoais, os filmes elaboram, no tempo presente da realização, o testemunho impossível de seres ausentes. Deslocam áudios, cartas e fotografias de seus contextos originais, ressignificando-os, ao endereçá-las a nós, espectadores. Veremos como os regimes estéticos desses filmes entrelaçam as ideias de pessoa, morte, memória e imagem, criando formas expressivas de representação do morto e da ausência. Para tratar dessa questão, nos situamos no campo interdisciplinar dos estudos cinematográficos e antropológicos.
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JOÃO PEDRO JACOBE DOS SANTOS
Aspect Hate: o filme vertical e a transformação do dispositivo cinematográfico
Orientador: André de Souza Parente
Resumo: A presente pesquisa investiga de que modo o filme vertical transforma o dispositivo do cinema em suas dimensões primordiais, e evidencia os marcos de estilo das obras analisadas. Para tanto, baseia-se em conceitos fundamentais para cercar o corpus composto por 53 filmes com duração média de um a três minutos: o do dispositivo cinematográfico e o da “forma-cinema” (Parente, 2017), o da “imagem-movimento” (Deleuze, 2018), o dos cinco princípios da cinematografia (Mascelli, 2010), o da coexistência proporcional entre a composição horizontal e a vertical (Eisenstein, 1988), o da estética da transparência (Xavier, 2022) e o da linguagem cinematográfica (Bazin, 2018). Foram analisados festivais de cinema vertical divididos em duas configurações de exibição, sendo a Configuração de exibição I – festivais ou mostras presenciais e a Configuração de exibição II – festivais ou mostras on-line em mídias sociais. Logo após, foi realizado um estudo comparado com outros diversos dispositivos de modo a levantar as características que distinguem o dispositivo do cinema vertical. Os filmes do corpus apresentaram marcos de estilo em termos de eixo de ação e continuidade direcional, composição e plástica da imagem, montagem, closes e ângulos de câmera.
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JOÃO VITOR BESSA CORDEIRO DE SOUZA
Negro é Lindo: a afirmação da negritude na poética de Jorge Ben (1968-1972)
Orientador: Micael Maiolino Herschmann
Resumo: O objetivo deste trabalho é investigar e compreender quais os significados atrelados à declaração de Jorge Ben como um artista que “sempre foi apolítico”, dada em uma entrevista, em 1995. Para tal, desenvolvemos um estudo baseado em três pilares: as noções de raça, racismo, negritude e branquitude e da trajetória do Movimento Negro no Brasil ao longo do século XX; um levantamento biográfico da trajetória pessoal e artística de Jorge Ben e, por fim, uma análise de sua atuação no meio musical brasileiro no período entre 1968 e 1972. Trabalhamos com a hipótese de que o compositor realizou uma afirmação da sua identidade negra após ter sido alvo de inferiorização e questionamentos de natureza racista, nos primeiros anos de sua carreira, quando associado à Bossa Nova. Desenvolvemos o estudo a partir de uma pesquisa documental baseada em reportagens e entrevistas publicadas pelo Jornal do Brasil, Correio da Manhã e Revista do Rádio no período entre 1963-1972, e entrevistas de Jorge Ben publicadas em 1995, 2009 e 2022. Tendo como norte metodológico a abordagem dialética-hermenêutica (MINAYO, 2007, 2013), buscamos compreender, a partir da perspectiva biográfica-comunicacional (SACRAMENTO, 2011, 2014), a produção de sentidos (JANOTTI JUNIOR, 2006, 2008) nas canções de Jorge Ben. Compreendemos que este período representa um retorno do compositor à gravadora major Philips e coincide com a sua afirmação como um artista de sucesso comercial nacional e inserção no mercado fonográfico ocidental e, além disso, um compositor interpretado por nomes relevantes do mercado da época. No entanto, as ambiguidades de suas posturas a respeito da questão política refletem as próprias dinâmicas de mobilização e resistência do Movimento Negro no país, em um contexto histórico de clandestinidade e perseguição política dados pela noção de “ódio racial” que imperou durante o regime civil-militar (1964-1985), quando se negava a existência do racismo no Brasil. Sendo assim, trabalhamos com a noção de encruzilhada (MARTINS 1997) e de afirmação da negritude (GOMES, 2018) para tratar de quem foi Jorge Ben para o meio musical brasileiro do período e o que significa para um homem negro de então declarar-se “apolítico”.
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JULIA MARIANO DE LIMA ARAUJO
Arquivos da Multidão: um acervo das imagens de 2013 e seus múltiplos pontos de vista
Orientadora: Ivana Bentes Oliveira
Resumo: Este trabalho é fruto de uma investigação acerca dos múltiplos pontos de vistas contidos nas imagens de arquivo dos protestos de 2013 no Brasil. A coleção dessas imagens, e dos distintos pontos de vista disponíveis sobre este acontecimento é o que estamos chamando de Arquivos da Multidão, formulado nesta pesquisa a partir dos pensamentos de Anita Leandro, Ariella Azoulay, Carlo Ginzburg e Sigfried Kracauer. A percepção fragmentária do acontecimento nos levou a investigar como essas imagens se relacionam entre si e o que elas nos contam hoje sobre o ciclo de protestos; e também nos instigou a buscar formas de transformar a coleção de imagens reunidas pela pesquisa em um acervo digital da memória coletiva, polifônica e política dos protestos de 2013 no Brasil. Para pensar o acervo digital, trabalhamos com a plataforma Tainacan, com objetivo de desenvolver uma primeira proposta prática da pesquisa. Almejamos, com isso, discutir a relação entre imagem, arquivo e memória, situando a pesquisa no campo interdisciplinar dos estudos cinematográficos, da história e das ciências sociais.
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LEONARDO CAMPOS MARTINS
Da Práxis ao Prato: mídia e mística no MST
Orientador: Eduardo Granja Coutinho
Resumo: Na presente pesquisa, a mística do MST foi considerada uma estratégia fundamental de comunicação para a defesa de seu projeto de sociedade, baseado na solidariedade e na luta por uma reforma agrária popular, atuando na construção de uma consciência coletiva, comunicando a origem da militância e criando símbolos que impulsionam a ação política necessária para a realização desse projeto, intimamente ligada à identidade e à práxis do movimento. O objetivo geral desta pesquisa foi mapear a estrutura de comunicação do MST, na qual a mística acontece e se reproduz, desde os primórdios do movimento até hoje, além de identificar a importância da mística no discurso da solidariedade e no engajamento ao Movimento, desenvolvendo exemplos de estratégias discursivas no MST que reforçam as novas diretrizes do movimento apontadas por Stédile, que compreende a importância dialética para os verdadeiros objetivos de uma reforma agrária, que, mais que camponesa, deve ser popular, pois precisa comportar todos os trabalhadores e priorizar a agroecologia, a produção de alimentos saudáveis.
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LEONARDO DOS SANTOS PINHEIRO
Estar Perto Não é Físico: melancolia em "Os Famosos e os Duendes da Morte"
Orientador: Denilson Lopes Silva
Resumo: Esta pesquisa é resultado de uma investigação carto-cinematográfica pelo filme Os famosos e os duendes da morte (Esmir Filho, 2009), buscando acompanhar como se produzem e quais papeis cumprem os afetos menores, em especial a melancolia, em uma obra do cinema brasileiro contemporâneo. A perspectiva de análise localiza a melancolia em uma narrativa de organização temporal híbrida e multiplataforma, misturando elementos do real e do virtual, da memória e do esquecimento para compor sua experiência fílmica, de seus personagens e espectadores. A pesquisa busca ainda articular os afetos tristes como mobilizadores e disparadores de mudança, o que permite repensar a história e encontrar formas de leitura de mundo que escapam – podendo ser dissidentes da perspectiva de passado como foi construída e canonizada. O trabalho aposta que estamos conhecendo o mundo / ou afecções de mundo pela melancolia no filme, e daí arrisca pensar esta sensibilidade em sua dimensão estética e epistemológica. Em face disso, acompanho ainda proposições sobre como se produzem e qual seria o impacto das narrativas de um cinema dissidente das convencionadas narrativas clássicas e/ou hegemônicas, também como gesto de pensar-sentir diferente as experiências do mundo.
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LEONARDO LOPES DO COUTO
Jornalismo Sonoro em Primeira Pessoa: análise crítica da narrativa no podcast Praia dos Ossos
Orientador: Marcelo Kischinhevsky
Resumo: A presente pesquisa analisa como o podcasting narrativo tem se estruturado e como tem atualizado o meio radiofônico assim como o jornalismo no século XXI. O gênero narrativo no podcasting tem remediado o jornalismo, os elementos narrativos e os efeitos sonoros com o objetivo de amplificar as potencialidades do meio radiofônico na era da convergência midiática. Essas remediações atuam na missão de proporcionar narrativas de não ficção que contam histórias e ao mesmo tempo cativam o público por meio da emocionalidade e da afetividade. Diante disso, a pesquisa busca entender de que forma a narrativa sonora de não ficção em primeira pessoa tensiona o fazer jornalístico em podcasting. Para identificar e estudar esses elementos, a pesquisa tem como objeto o podcast Praia dos Ossos, produzido pela Rádio Novelo, que trata dos desdobramentos envolvendo o assassinato da socialite Ângela Diniz. Com isso, o estudo utiliza da Análise Crítica da Narrativa, desenvolvida pelo pesquisador Luiz Gonzaga Motta, para compreender de maneira aprofundada os aspectos sonoros e textuais presentes na temporada do podcast Praia dos Ossos. Pretende-se discutir, dessa forma, o caminho pelo qual o rádio se transformou e chegou à prática do podcasting, além de discutir as dimensões dos papeis do jornalismo e do jornalista enquanto pontos centrais no discurso apresentado no gênero narrativo do podcasting de não ficção. O trabalho também tem como objetivo entender como o rigor técnico no roteiro e no tratamento do som se relacionam com o imaginário da audiência, identificar os elementos narrativos absorvidos pelo roteiro de não ficção em nosso objeto e compreender as transformações pelas quais o podcasting está passando em meio à convergência das mídias. Com a investigação, podemos ver a participação da jornalista enquanto personagem, os efeitos sonoros realísticos como estratégias de imersão e a adaptação da estrutura narrativa de não ficção.
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LUCAS HONORATO CORDEIRO CONTREIRAS TELES
Tendências Curatoriais dos Festivais de Cinema Negro Brasileiro na Década de 2010
Orientadora: Liv Rebecca Sovik
Resumo: Esta pesquisa faz parte da obtenção do título de mestre do programa de pós-graduação em comunicação e cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sob a orientação da Profa. Dra. Liv Rebecca Sovik. A dissertação é uma investigação do percurso do Cinema Negro brasileiro, de suas tendencias e influências na sua constituição como um campo cultural, focalizado na década de 2010. Para observar e analisar esse percurso, utilizamos a curadoria dos Encontros, festivais e mostras de Cinema Negro. Com isso, utilizamos de notas curatoriais, a programação em si e outros elementos no intuito de desvelar as tendências e perspectivas tomadas no desenvolvimento do campo e sua relação com o Cinema brasileiro em geral.
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LUISA CALIXTO MIRANDA
Das Paredes ao Território: por um museu vinculativo
Orientadora: Ivana Bentes Oliveira
Resumo: Os museus desempenham um papel crucial na construção de vínculos sociais e culturais, indo além da simples transmissão de informações e mensagens. São espaços onde narrativas sobre memória, identidade e transformação social são construídas e reinterpretadas. Enquanto alguns se destacam por refletir grandes transformações urbanas e globais, outros focam na valorização de vivências locais, criando relações diretas com suas comunidades. O objetivo desta pesquisa, portanto, é analisar as práticas de museologia social na produção de vínculos e para a função comunicacional do museu, compreendendo o papel exercido por ele e o que emerge com as mudanças paradigmáticas na nossa sociedade, observando dois museus cariocas. No contraste entre o Museu do Amanhã, que reflete a revitalização e a gentrificação da zona portuária, e o Museu da Maré, enraizado no cotidiano de um complexo de favelas, ambos no Rio de Janeiro, percebe-se como diferentes práticas moldam relações sociais e representam mudanças culturais baseadas na memória. Esta é vista como um fenômeno comunicacional, intrínseco às relações humanas e à criação de significados compartilhados, mais presente nas práticas e vivências cotidianas do que nos objetos isolados. Ao propor um olhar sobre a dinâmica relacional entre os sujeitos e as instituições museológicas, emerge a compreensão do museu como um meio de vinculação humana. Nesse contexto, ultrapassam-se as funções tradicionais de preservação e pesquisa, reforçando o potencial comunicativo dos museus como ferramentas de construção de laços sociais, promoção da diversidade cultural e formação de identidades coletivas em constante transformação.
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MARCELO DOS SANTOS MARCELINO
Luiza Trajano, um Empreendimento Biográfico: trajetória e narrativas da primeira self-made woman brasileira
Orientador: Igor Sacramento
Resumo: Esta dissertação analisa a construção da biografia midiática da empresária brasileira Luiza Trajano. Amparada por uma perspectiva que considera a historicidade dos processos comunicacionais, a pesquisa procura compreender como Trajano se tornou uma figura do tempo histórico recente. Essa posição teórico-metodológica busca sinalizar que o sucesso dela não é efeito de uma pura viralização midiática. Compreendemos que sua emergência na cena pública e a grande notoriedade que possui tem a ver com uma série de mudanças que reconfiguraram os processos de subjetivação do indivíduo em relação àquilo que se entende por sucesso e prosperidade, sendo a narrativa do empreendedor-de-si algo central nesse processo. Analisaremos como a produção de uma biografia comunicacional tal qual a de Luiza Trajano só foi possível porque, ao longo da história, se constituíram condições materiais e simbólicas favoráveis para a hipervisibilização de narrativas pessoais e íntimas no espaço público midiatizado. Ao mesmo tempo, notamos que as histórias de superação, próprias da cultura terapêutica, e o testemunho, que toma o sofrimento como valor moral, são dimensões essenciais para legitimar, pulverizar e promover a narrativa empreendedora. A pesquisa serviu-se de uma série de documentos, como reportagens e entrevistas midiáticas, além de livros biográficos e autobiográficos, para descrever a historicidade do processo comunicacional que fez emergir a empresária Luiza Trajano na cena contemporânea. Nesse processo, foi possível reconstituir o circuito comunicacional em que ela e outros empresários estão localizados, guardando suas diferenças e semelhanças quanto à experiência. Dividimos esta pesquisa em três seções. A primeira busca compreender como, ao longo da história recente, foi desenvolvida uma preocupação em biografar vidas empresariais, algo que inexistia até o fim do século XX; ao mesmo tempo, esta seção trata de refletir como a experiência de empresários biografados passa por uma jornada terapêutica. Na segunda seção, o intuito é discutir como Luiza Trajano foi forjada na cena pública a ponto de se constituir como a primeira self-made woman brasileira, utilizando o gênero como investimento comunicacional fundante, que lhe possibilitou transformar sua condição de exceção em excepcionalidade. Na terceira seção, investigamos como o perfil biográfico de Luiza Trajano comporta, além de tudo, uma preocupação com a ação social e com a desigualdade, um traço-chave da sua biografia midiática. Trataremos de pensar Luiza Trajano de uma perspectiva complexa, que considera seu lugar na história e a história em sua vida, na medida que a memória pessoal, os jogos do memorável e o relato da experiência são elementos fundamentais da construção de si como um empreendimento biográfico.
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MARIA EDUARDA COSTA DA ROCHA
Em Nome da Mãe, da Filha e da Bruaca Branca: gênero e violência nas novelas da TV Globo
Orientadora: Danielle Ramos Brasiliense
Resumo: Esta pesquisa visa analisar a violência e a crueldade em termos de gênero e corpo nas novelas da Rede Globo. Por meio de revisão bibliográfica e três novelas recentes – Amor de Mãe (2019) e Pantanal (2022) e Vai na Fé (2023) –, algumas perguntas foram feitas: Por que não cabe mais uma mulher como Maria Bruaca de Pantanal (1990)? Como a aplicação da crueldade na violência contra mulheres e homens nas novelas impacta na masculinidade retratada? Como a imaginação da figura da mulher e seu papel na família contemporânea afeta o modo que o abuso é explorado?. A hipótese é que há uma teoria geral de gênero e de violência que, por meio das personagens de novelas que sofrem abusos, possa exemplificar e/ou explicar o fenômeno de terror institucionalizado contra mulheres. Neste caso, o "terror institucionalizado" seria a violência como palavra, instante, ação, mas também como uma reprodução estrutural e social do patriarcado. Ao final, pondera-se hipóteses sobre o tema pesquisado.
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MARINA DE ALBUQUERQUE REGINATO
Do Plim ao Play: memória, nostalgia e os acervos Globo no Globoplay
Orientadora: Ana Paula Goulart Ribeiro
Resumo: A presente dissertação tem como objetivo analisar o papel dos acervos audiovisuais da Globo na consolidação e no funcionamento contínuo do serviço de streaming da empresa, o Globoplay. Para isso, foram mapeadas as diversas formas pelas quais a memória da televisão brasileira se faz presente na plataforma, tomando por pressuposto a ideia de que uma imperativa cultura de memória caracteriza nossa época. Destaca-se também, neste contexto, a relevância da nostalgia, que permeia distintas facetas da relação entre o público contemporâneo e os conteúdos audiovisuais da Globo. De modo a aprofundar nossa visão acerca da presença dos acervos Globo no Globoplay, foram realizados levantamentos de dados, a partir de chaves analíticas estipuladas após análise exploratória, de duas esferas mnemônicas presentes no catálogo de conteúdos da plataforma: o relançamentos de novelas e minisséries da TV Globo promovidos pelo Globoplay através dos projetos Resgate, Originalidades e Fragmentos; e o uso de excertos dos acervos audiovisuais da Globo nas séries, novelas e documentários desenvolvidos exclusivamente para o streaming da Globo e lançados pelo selo Originais Globoplay. Através dessa investigação, evidenciou-se também a necessidade de refletir sobre a própria estrutura do Globoplay, com foco nas possibilidades arquivísticas oferecidas pela plataforma ao incorporar e disponibilizar uma parcela antes inacessível de obras e imagens, que fazem parte da história da televisão brasileira. Contrariando a visão de que o streaming seria um substituto da televisão, os resultados da análise aprofundada do Globoplay evidenciam uma conexão intrínseca entre esses dois meios de consumo audiovisual, indicando que a relação entre televisão e streaming é, essencialmente, de continuidade, sendo atravessada por múltiplos vieses mnemônicos, muitos deles fomentados pela própria Globo ao longo de sua trajetória institucional.
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MOHARA VALLE SANTOS
Memória em Monumento: estéticas de movimentos críticos à memorialização colonial heróica
Orientadora: Ivana Bentes Oliveira
Resumo: O presente trabalho é uma investigação de processos estéticos, possibilidades e consequências de movimentos de questionamento aos monumentos coloniais. Situa-se no contexto dos movimentos em espaços urbanos que propõem ou realizam a retirada de ou interferência em monumentos, particularmente estátuas relacionadas à colonialidade. Neste cenário, a pesquisa voltou-se a compreender como os movimentos de pessoas marcadas por processos de racialização – em especial pessoas negras – questionam a memória coletiva oficial. A pesquisa se dá a partir da análise sobre as ações e seu registro e circulação de imagens em mídias sociais, imprensa e seus desdobramentos digitais.
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RAIMUNDO MIGUEL BENJAMIM
Comunicar para Resistir e Existir: de rádio cipó à rede de radiofonia indígena no Rio Negro – Amazonas
Orientadora: Ivana Bentes Oliveira
Resumo: A comunicação indígena no Brasil, com o uso das novas tecnologias, emergiu a partir das mobilizações e da criação das primeiras organizações indígenas na década de 1970. O contexto da Ditadura Militar tornou a existência dos povos indígenas ainda mais desafiadora. No Rio Negro, no noroeste amazônico, projetos e ideias desenvolvimentistas invadiam o território. Diante desse cenário, os povos indígenas reconheceram a necessidade de utilizar e se apropriar das ferramentas tecnológicas de comunicação, tornando-as aliadas na luta pelos direitos e pelo reconhecimento de sua existência. Os povos rionegrinos enfrentavam novas formas de invasão e colonização, empreendidas pelo próprio Estado Brasileiro. Pressionados e ameaçados, iniciaram as primeiras mobilizações que culminaram na criação da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN) em 1987, uma organização representativa para mediar o contato e representar os interesses dos povos indígenas da região. Com a FOIRN, os povos indígenas passaram a ter voz e espaços para construir projetos de interesse, como o fortalecimento e a comunicação. Ao longo dos anos, foi construída uma rede de rádio na região. Essa tecnologia impactou a forma de comunicação dos povos indígenas, fortalecendo a produção de informações e conhecimentos e integrando-se às tecnologias de comunicação ancestral dos povos indígenas. Esse processo contribuiu para a retomada da autoestima e o fortalecimento da luta em defesa dos territórios tradicionais, além de promover a valorização cultural, a autonomia e o acesso aos direitos. Conceitos como etnocomunicação, etnomídia, comunicação ancestral indígena e comunicação em rede foram explorados para embasar as discussões e análises das experiências de comunicação indígena no Rio Negro e no Brasil. A partir desses conceitos, buscou-se ampliar o horizonte do trabalho para entender como a comunicação indígena contemporânea é construída e moldada pela necessidade de representatividade, destacando a busca pelo protagonismo indígena em vários espaços midiáticos, liderado por jovens e mulheres de diversos povos no Brasil, especialmente com a chegada da internet aos territórios indígenas.
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TAYNARA GREGÓRIO SANTOS
Plataformização do Jornalismo: uma análise sobre as reconfigurações da lógica econômica e de produção nos podcasts de notícias no Brasil
Orientador: Leonardo Gabriel de Marchi
Resumo: Esta pesquisa visa investigar como os podcasts de notícias do Brasil, tanto de produções da “mídia tradicional” quanto os nativos digitais, são impactados pelo processo de plataformização da prática jornalística. Por meio da articulação entre estudos de jornalismo, estudos de rádio e podcast e estudos de plataforma, analisamos como a plataformização influencia as etapas de criação, distribuição e monetização desses podcasts, reconfigurando o trabalho jornalístico na era digital. Nosso intuito é investigar como a inserção das plataformas digitais no jornalismo reconfigura as produções de podcasts jornalísticos, tanto no âmbito da produção e distribuição quanto no âmbito econômico da instituição. Para isso, adotamos uma metodologia que privilegia a abordagem qualitativa, realizando entrevistas compreensivas individuais com os jornalistas responsáveis por sete podcasts de notícias brasileiros, tanto de veículos “tradicionais” quanto nativos digitais: 123 Segundos (BandNews), CBN Primeiras Notícias (CBN), Café da Manhã (Folha de S. Paulo), Estadão Notícias (Estadão), ICL Notícias (ICL Notícias), Pauta Pública (Agência Pública), Volta ao Mundo em 180 Segundos (Headline). Com as plataformas digitais presentes de forma expressiva no jornalismo, a pesquisa busca entender quais são os processos reformulados por essas empresas, bem como as novas configurações da instituição na contemporaneidade, contribuindo para o debate sobre o futuro do jornalismo na era digital e o papel das plataformas na sociedade.
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THIAGO MONTEIRO DE BARROS GUIMARÃES
Em Busca da Felicidade: da aposta ao fenômeno, do silenciamento à patrimonialização
Orientadora: Ana Paula Goulart Ribeiro
Resumo: A pesquisa que ora se apresenta tem como protagonista a primeira radionovela brasileira, Em busca da felicidade, lançada em 1941. Seu protagonismo, no entanto, se dá através do roteiro produzido na época de sua transmissão. Este foi preservado pela Rádio Nacional, desde os anos 1940, e chegou às minhas mãos em 2018, quando a Gerência de Acervo da Empresa Brasil de Comunicação, guardiã do arquivo da histórica emissora radiofônica decidiu aplicá-lo ao Memória do Mundo da Unesco, programa que lhe concedeu o título de patrimônio documental brasileiro. Acompanhando a trajetória desse bem arquivístico que muitos consideram perdido, proponho pensar o roteiro de Em busca da felicidade em duas partes. Na primeira parte, investigo o cenário que possibilitou sua produção e aquele de sua transmissão, quando foi alçada ao status de fenômeno radiofônico. Já a segunda parte se volta para o documento arquivístico em sua materialidade, analisando o longo período de silenciamento, em que ficou guardado nas estantes e armários da Rádio Nacional até sua patrimonialização no final dos anos 2010. Para isso, lanço mão de uma revisão bibliográfica sobre o rádio brasileiro e seu contexto de consolidação como mediador no período entre os anos 1920 e 1940, além de autores que versam sobre o papel do documento e do patrimônio na contemporaneidade. Esta dissertação conta também, enquanto importante fonte histórica, com a análise do próprio roteiro de Em busca da felicidade, de outros documentos guardados pela EBC e de matérias jornalísticas publicadas no contexto de desenvolvimento da radiodramaturgia brasileira e, mais especificamente, da época de transmissão da radionovela.
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VICTOR HENRIQUE JUSTINO FRANÇA
Políticas de Comunicação: conceitos e realidades em Universidades Federais
Orientadora: Suzy dos Santos
Resumo: Este trabalho investiga políticas de comunicação nas universidades federais brasileiras, bem como seus capitais estrutural e humano, além de seus serviços de comunicação. Com base em autores que se dedicam aos estudos da comunicação pública e sua regulação, como Eugênio Bucci, Pierre Zémor, Elizabeth Brandão e Jorge Duarte; em autores que pesquisam sobre mídia, como Muniz Sodré; em pesquisadores que estudam comunicação institucional, como Margarida Kunsch; e em pesquisadores que estudam sobre políticas de comunicação, como Wilson Bueno, busca-se mapear políticas de comunicação em universidades federais brasileiras, a partir de pesquisa junto a 68 instituições.
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Ivan Luiz Accioly de Oliveira
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Clarissa Souto Monteagudo
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Mariana Antoun da Fonseca e Silva
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Jorgina da Silva
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Cleissa Regina de Oliveira Martins
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Eduardo Teles Dourado Pedreira
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Eco.Pós - Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicação da UFRJ - O Curso - Histórico
REVISTA ECO-PÓS
v. 27 n. 04 (2024)
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