|
|
DISSERTAÇÕES DE MESTRADO // DISSERTAÇÕES EM 2017 |
|
ANA BEATRIZ RANGEL PESSANHA DA SILVA |
|
Comunicação e Gênero: as narrativas dos movimentos feministas contemporâneos |
|
|
Orientador: Giuseppe Mario Cocco
Resumo: Este trabalho tem como objetivo o mapeamento e a análise das narrativas emergentes do feminismo contemporâneo nas redes de comunicação, buscando diagnosticar as tensões entre elas dentro de uma perspectiva sobre as continuidades e descontinuidades das formas de luta e de produção de subjetividade do par modernidade/pós-modernidade. A investigação se concentra em examinar como essas narrativas mobilizam conflitos entre os conceitos de representação/performance, igualdade/equidade, identidade/diferença para entender o que essas transformações representam para a história do projeto político do feminismo e para as formas de vida acionadas no tempo presente. Como objetos de pesquisa principais estão as narrativas autobiográficas femininas compartilhadas nas redes, desde as revistas feministas online independentes até os relatos pessoais usados como arma política das campanhas contra o assédio sexual, passando pela análise de como essas reivindicações se adaptam aos discursos do mercado e das políticas de esquerda. |
|
|
|
|
ANA CAROLINA CORREIA PINTO DA SILVA |
|
Querida, Encolhi a Programação das Crianças: fluxos comunicacionais da programação infantil na televisão brasileira |
|
|
Orientadora: Suzy dos Santos
Resumo: Este trabalho investiga as mudanças da grade de programação infantil na televisão aberta no país, chegando à sua quase extinção e consequente migração para canais de televisão por assinatura e para a web. Com base em autores dedicados aos estudos da de infância, como David Buckingham e Neil Postman; que pesquisam sobre mídia, como Jesús Martín-Barbero e Dominique Wolton; e de Economia Política da Comunicação (EPC), como Vincent Mosco e Dallas Smythe, busca-se analisar como se estruturam os interesses do mercado em modificar os fluxos comunicacionais para o público infantil, e de que modo o Estado, através de políticas públicas mais eficazes, pode atuar para garantir o direito à comunicação para as crianças. Assim, pretende-se também compreender essas mudanças e a maneira como elas vêm influenciando as transformações na infância e no consumo. |
|
ANA PAULA POTENGY GRABOIS |
|
A Fuzarca como Mercadoria: as influências das regras do poder municipal e do patrocínio privado sobre os blocos de rua do Rio de Janeiro |
|
|
Orientadora: Liv Sovik
Resumo: O carnaval de rua do Rio de Janeiro passou a ser organizado através de uma parceria público-privada desde 2010, seguindo regulamentações editadas a partir de 2009. Neste trabalho, analisamos as normas que a Prefeitura do Rio de Janeiro criou no período da gestão Eduardo Paes (2009 a 2016), quando é inaugurado este arranjo com o setor empresarial para a organização da festa. O interesse foi discutir como esse novo modelo foi adotado em um contexto de uso da cultura para impulsionar a economia e o turismo, gerando reflexões sobre os impactos dessa política cultural sobre os principais atores envolvidos na festa – prefeitura, empresas, blocos e foliões. O cenário, a partir da década de 2000, foi de forte crescimento do carnaval de rua; procuramos entender como esse movimento ocorreu com o surgimento de agremiações e a multiplicação de foliões e turistas. Ainda buscamos traçar uma relação entre as reformas urbanas e festa ao longo da história da cidade, incluído a empreendida na administração Paes. As normas serviram, por um lado, para organizar a infraestrutura requerida na cidade para promover a festa na rua. Por outro, levaram ao surgimento de blocos não autorizados pela prefeitura, que desfilam pela cidade, especialmente no centro e zona sul, atraindo uma quantidade significativa de foliões. A partir de um breve histórico da festa na cidade, constatamos que a regulação sempre ocorreu, com formas distintas ao longo do tempo. Essas normas, proibições e regras influenciaram a criação de novas formas de brincar durante o carnaval ao longo do tempo. No entanto, a festa, cujas principais características são a sátira, a espontaneidade e a quebra de regras, sempre comportou formas não aceitas pelas autoridades, sejam elas a polícia ou a prefeitura. O proibido sempre esteve presente no carnaval. |
|
|
|
|
BRUNA ZANOLLI |
|
Espectros Feministas: contribuições para pensar o espectro radiofônico |
|
Orientador: Henrique Antoun
Resumo: Esta pesquisa utiliza da bibliografia da Tecnociência Feminista para levantar os conceitos de Conhecimentos Situados e Objetividade Feminista presentes nas Epistemologias Feministas, com a finalidade de pensar práticas e possibilidades para o espectro radiofônico. Nos utilizamos da alegoria do ciborgue de Donna Haraway como libertação feminista e do conceito de Tecnofeminismo de Judy Wacjman para pensarmos algumas relações entre mulheres e tecnologias. Propomos o uso da noção de Espectro Livre para o gerenciamento de parte do espectro radiofônico a fim de garantir um maior acesso a este bem público aqui considerado como um bem comum mediado pela tecnologia. |
|
BRUNO FABRI CARNEIRO VALADÃO |
|
De Sangue se Desenha o Atlântico: ´Terra em Transe` e as imagens dialéticas |
|
|
Orientador: Mauricio Lissovsky
Resumo: Entendemos que Terra em transe (1967) continua sendo uma “aporia” dentro da cinematografia nacional e mundial. Seus recursos expressivos – extremamente precários materialmente – são riquíssimos em termos poéticos e filosóficos; eles transpõem a gramática cinematográfica, enveredando para uma “arte épica” (aqui entendido como uma modalidade de arte que busca nos signos ancestrais o seu substrato). É tarefa desta dissertação “jogar luz” sobre as sombras criadas por este verdadeiro “acontecimento cinematográfico”. Surgem daí as imagens dialéticas (conceito de Walter Benjamin) que, ao contrário do que o termo pode representar, não resultam em “imagens-síntese” de qualquer espécie, como no cinema eisensteiniano. Trata-se de uma dialética “pela metade”, “suspensa”, “imóvel” que rompe com a tradição do pensamento dialético. São imagens em movimento que tendem à imobilidade, revelando correspondências impensáveis na vida social (especialmente no contexto brasileiro e latino-americano), através da palavra poética, combinada ao gesto dos atores e à mise-enscène de Glauber Rocha. Para isso, evocamos alguns outros campos do conhecimento, como a filosofia, a literatura e a antropologia, para nos ajudar a dar conta deste fenômeno cinematográfico, singular em todos os sentidos. Nosso trabalho é sobretudo um convite a repensar a filmografia daquele que é considerado o nosso maior cineasta de forma mais rica expressivamente, multidisciplinar e "rizomática". |
|
|
|
|
FLÁVIA THAÍS SOBRINHO SOUZA DIAS |
|
Feminismos nas Fanfarras de Rua Carioca: os estudos de caso do bloco Mulheres Rodadas e da brass band Damas de Ferro |
|
|
Orientador: Micael Herschmann
Resumo: Apesar dos avanços sociais das últimas décadas, as mulheres seguem desempenhando um papel de menor destaque na sociedade, sofrendo vários tipos de preconceitos sociais. O movimento feminista no Brasil tem um histórico de lutas por cidadania e liberdade que vem ganhando um novo impulso no contexto atual. Entretanto, apesar dessa luta um dos universos culturais que ainda é pouco acessível às mulheres é o das fanfarras. Assim, a presente dissertação buscou analisar as representações femininas na música e na performance no mundo do carnaval carioca. O trabalho foi desenvolvido com o bloco Mulheres Rodadas e a banda Damas de Ferro, que se destacam no contexto das fanfarras cariocas. A dissertação analisa de uma perspectiva sócio comunicacional (de inspiração etnográfica) este conjunto de questões - a partir de uma abordagem qualitativa construída tomando como base especialmente observações de campo e entrevistas –, buscando problematizar de que forma as questões de gênero emergem como performatividade nesses blocos de fanfarras, isto é, os atores redimensionam através da performance musical as temáticas políticas e sociais associadas ao feminismo na cena cultural local. |
|
|
|
|
GABRIEL CUTRIM NAUMANN |
|
Movimento Gera Movimento: estratégias de sobrevivência no meio de uma suposta epidemia |
|
|
Orientador: Paulo Roberto Gibaldi Vaz
Resumo: O presente estudo tem como foco problematizar os enunciados que formam o conceito de depressão, principalmente sua definição enquanto doença. São explorados, então, os mecanismos que validam essa definição e a colocam como uma verdade inquestionável dentro do senso comum. Em um primeiro momento, é explorada a definição nosológica de depressão e a trajetória do saber médico sobre o tema. Uma vez isso tratado, são estudados os mecanismos que permitem o auto-diagnóstico a partir da identificação com discursos autobiográficos de celebridades. De fato, a humanidade sempre teve uma tendência a colocar como externo fatores negativos a nossa existência, como se fôssemos destinados a uma plenitude ligada à felicidade, e qualquer obstáculo a isso seria tratado como um Mal a ser evitado. A partir da desmistificação da depressão, o presente estudo tenta então elaborar uma proposta de movimento que integra o sofrimento à existência, de maneira a desconstruir perspectivas idealizantes que colocam a vida como algo possível de ser dominado; como se houvesse um momento onde haveria estabilidade perene. A partir da revisão bibliográfica, a estratégia existencial aqui tratada prevê uma constante remodulação do eu através de técnicas de cuidado de si e do próprio corpo que permitem um outro olhar sobre o sofrimento, tratando-o como fonte de potência criativa/reinventiva de si e evitando possíveis universalismos. |
|
|
|
|
INDIRA RODRIGUES DE OLIVEIRA |
|
Comunicação e Música: os agenciamentos do Jazz & Blues na Cidade de Rio das Ostras |
|
|
Orientador: Micael Maiolino Herschmann
Resumo: O objeto de estudo dessa pesquisa é o Festival de Jazz & Blues de Rio das Ostras, que ocorre anualmente na cidade, há catorze anos. O evento se configura gratuito, aberto e apresenta performances em palcos espalhados em três pontos centrais na cidade. Além de entender como se deu a presença do festival em uma cidade que não possuía anteriormente qualquer interferência do jazz & blues, essa pesquisa ainda busca apontar de que maneiras o evento (e a música) refletiram na sociedade riostrense, causando diversos agenciamentos que mesmo sentidos em maior evidência durante a data do festival, ainda possuem resquícios observados fora de época do evento na cidade. Rio das Ostras não se apresenta como uma cidade criativa ainda, mas carrega em sua história e população o potencial para se tornar uma. Atualmente, o festival segue ameaçado de descontinuidade, mantendo-se na programação da cidade por esforços pontuais de específicos representantes e um apoio superficial da população riostrense. Para a realização dessa pesquisa é utilizada metodologia de pesquisa de campo – embasada prioritariamente pela teoria de atorrede de Bruno Latour -. Por meio de registros áudio-visuais, foram entrevistados músicos, autoridades, moradores, entre outros atores relevantes para a cena criativa da cidade, objetivando uma interação pesquisador-entrevistado embasada no conceito de história oral. A pesquisa se divide em quatro etapas: a identificação e aprofundamento histórico nos dois objetos principais de estudo, o Jazz & Blues e a cidade de Rio das Ostras; uma pesquisa de campo realizada durante duas edições – 13a e 14a - do Festival de Jazz & Blues; uma análise da relação dos músicos locais com o evento, buscando-se identificar a existência de uma cena local de Jazz & Blues paralela ao festival; e, por fim, apresenta-se uma análise dos conceitos de economia e cidade criativa, que visa definir a posição em que Rio das Ostras se encontra em tal contexto. |
|
|
|
|
JULIANA SILVA FONTOURA |
|
Trens Urbanos: um estudo sobre as modalidades comunicativas no cotidiano das viagens de trem no Rio de Janeiro |
|
|
Orientadora: Janice Caiafa
Resumo: A presente pesquisa se propõe a estudar as formas de comunicação existentes no ambiente dos trens na região metropolitana do Rio de Janeiro. Inicialmente exploramos aspectos da história da implantação da ferrovia no Rio de Janeiro até chegarmos aos dias atuais, nos quais o serviço de transporte urbano de passageiros é operacionalizado pela empresa Supervia. A partir de um referencial teórico composto por autores que trabalham conceitos que relacionam espaço e comunicação, de observação participante no ambiente dos trens, entrevistas, análise de documentos e pesquisa em mídias sociais, analisamos, através de viés sociocultural, a construção de processos comunicativos no quotidiano das viagens, evocando incidentalmente outros contextos, como o ônibus e o metrô. Examinamos as formas de transmissão das mensagens entre a concessionária e os usuários, bem como entre os próprios passageiros. E avaliamos, à luz dos conceitos de comunicação empresarial e imagem de marca, os principais canais de comunicação disponibilizados pela Supervia. |
|
|
|
|
KETTY KAREN AIRE LAUREANO |
|
Migração e Identidade: um estudo sobre os andinos no Rio de Janeiro |
|
Orientador: Mohammed ElHajji
Resumo: A presente pesquisa aborda as dinâmicas de configuração e reconfiguração de identidades individuais e coletivas dos andinos no Rio de Janeiro, a partir do desarraigamento territorial e cultural e o processo de adaptação sociocultural decorrente do fenômeno migratório. A proposta visa uma aproximação ao olhar da migração como um direito a buscar outras formas de vida enfrentando uma luta simbólica a través de diferentes modos de pertencimento. |
|
LOU SHUO |
|
Mídia, Chinesidade e a Vida Sociocultural dos Sinos-cariocas: história e perspectivas |
|
|
Orientador: Mohammed ElHajji
Resumo: Esta pesquisa busca entender a contribuição da imprensa chinesa produzida no Brasil na vida sociocultural dos sino-cariocas - datada desde os anos 60. Os dois jornais analisados são: Diário Chinês para a América do sul e Jornal Chinês Americana. A análise da história da formação da comunidade chinesa no Brasil, da dinâmica da migração chinesa e da construção dessa imprensa étnica chinesa servem como uma contextualização social para refletir e desconstruir o discurso midiático desse tipo de meio de comunicação. Utiliza-se a teoria da Semiologia para interpretar a linguagem escrita e imagética dos jornais supracitados. Além disso, com base nos conceitos teóricos da chinesidade e do trabalho de campo realizado, observa-se a atual situação da convivência dos chineses imigrantes no Rio de Janeiro. Ao final, aborda-se o estudo da nova dimensão do uso midiático digital e transnacional pelos sino-cariocas para destacar a perspectiva dos chineses em rede no século XXI. |
|
|
|
|
LOUISE FERREIRA CARVALHO |
|
O Que Pode um Corpo sem Cabeça? Entre a potência libertária e o real obsceno |
|
|
Orientadora: Maria Cristina Franco Ferraz
Resumo: Partindo das reflexões de alguns filósofos, sobretudo Friedrich Nietzsche, Georges Bataille, Gilles Deleuze e José Gil, este trabalho objetiva explorar o paradigma da fragmentação na cultura moderna e seus desdobramentos na contemporaneidade. Entre o final do século XVIII e meados do XX, silhuetas corpóreas geométricas e contemplativas foram dando lugar a uma avalanche de corpos fragmentados, desconstruídos e decapitados, presentes tanto na cultura letrada e na arte pictórica quanto nos campos de batalha e nas mecanizadas engrenagens urbanas. Nesse palco estrelou uma série de imagens e narrativas sobre o tema, dentre as quais podemos assinalar os “retratos de guilhotinados” na Revolução Francesa, a obsessão oitocentista pelo episódio bíblico da decapitação de João Batista, o topos do “duplo” no período moderno, o Acéfalo batailleano teorizado em 1936. A transgressão da figura humana pautada no modelo antropomórfico divino não apenas evidencia a força da ameaça à coesão do “eu”; marca também um ambicioso projeto político de transformação do corpo e da vida. Esse momento histórico é colocado em paralelo com o campo midiático contemporâneo, quando imagens de corpos nus e decapitados, expostos em sua organicidade mais explícita, suscitaram questões envolvendo obscenidade e censura nas redes sociais. Consideramos que, atualmente, o corpo humano se reconfigura em meio a alguns paradoxos de ordem moral: ora cultuado em sua “boa forma” como imagem idealmente bidimensional, ora rejeitado em sua materialidade carnal por não se ajustar a tais padrões idealizados. O contraponto genealógico entre o tratamento do corpo na modernidade e a censura/permissão de certas expressões de vivências encorpadas na contemporaneidade pode fornecer pistas sobre os deslocamentos de alguns valores ligados às definições de “obsceno” e do próprio “eu” em diferentes épocas, acompanhando a configuração de um novo regime de poder-saber e de visibilidade. |
|
|
|
|
MICHELLE MODESTO DA SILVA E SILVA |
|
Propaganda Política e Discursos de Verdade nas Redes Sociais Colaborativas: as eleições de 2016 |
|
|
Orientador: Henrique Antoun
Resumo: A partir de uma extensa revisão bibliográfica que resgata e combina fundamentos teóricos complementares para o estudo da propaganda eleitoral nas redes sociais colaborativas enquanto instrumento de produção e cristalização do que Michel Foucault chama de “discursos de verdade”, esta pesquisa analisa as narrativas que circularam no Facebook ao longo das campanhas de segundo turno para a Prefeitura do Rio de Janeiro, disputada em outubro de 2016 entre os candidatos Marcelo Crivella e Marcelo Freixo. O confronto entre as publicações oficiais mais curtidas, comentadas e compartilhadas com outras publicações populares distribuídas por páginas não-oficiais, páginas de veículos de comunicação, páginas de influenciadores e perfis de usuários possibilita a identificação de brechas cognitivas nos eleitores, de fórmulas discursivas bem sucedidas e de tendências da comunicação eleitoral nas plataformas sociais participativas. As observações da pesquisa estimulam uma reflexão sobre as implicações do uso estratégico dos discursos de verdade enquanto instrumentos de poder no cenário tecnológico e político contemporâneo, caracterizado pela multiplicação dos filtros algorítmicos e pela intensificação dos discursos totalitários. |
|
|
|
|
MILI BURSZTYN DE OLIVEIRA SANTOS |
|
O Método Investigativo de Henri-François Imbert: Mise en Scène e montagem em No Pasarán, albúm Souvenir |
|
|
Orientadora: Anita Matilde Silva Leandro
Resumo: O objeto desta pesquisa é o método investigativo do cineasta francês Henri-François Imbert, tendo como pressuposto que o acaso é um elemento chave que influencia a realização de seus filmes, desde as filmagens até a montagem. Elegemos o documentário No pasarán, album souvenir, por reconhecer nele a expressão do amadurecimento do método investigativo de Imbert, quando comparado aos dois filmes que o precederam. O documentário No pasarán, album souvenir aborda o êxodo espanhol de 1939, a partir de um conjunto de cartões postais pertencentes a uma mesma série, que o cineasta encontra entre os guardados de seus bisavós. O estudo se organiza em três etapas: identificação dos procedimentos que compõem o método; análise do processo de pesquisa e filmagem de No pasarán, album souvenir; análise da montagem do filme. Entre os principais aspectos do método cineasta, destacamos a aposta no acaso como produtor de encontros e de imagens. O estudo do processo de pesquisa e filmagem de Imbert, mostra como o cineasta constrói, no filme No pasarán, album souvenir, os personagens que o ajudam a contar sua história. A análise da montagem discute a opção do cineasta por valorizar os cartões postais em sua materialidade, resultando num filme em que predominam imagens estáticas. |
|
|
|
|
PEDRO HENRIQUE ANDRADE DE SOUZA |
|
Nazaré, Beirute, Ceilândia: um itinerário por imagens e sons do trauma |
|
|
Orientadora: Consuelo da Luz Lins
Resumo: Esta pesquisa tem por objeto obras de um cinema que busca tornar sensíveis e visíveis as fissuras na existência de quem teve seus corpos e comunidades atravessados pela violência de Estado. A partir das obras do cineasta palestino Elia Suleiman, da dupla de diretores libaneses Joana Hadjithomas e Khalil Joreige e do realizador brasileiro Adirley Queirós, investigamos como o dispositivo cinematográfico encontra meios para representar sofrimentos da ordem do traumático e, consequentemente, da ordem do que não pode ser representado. A partir das conceituações de Cathy Caruth sobre o trauma e de Eward Said sobre o exílio, verificamos a validade do trauma como categoria cultural e estética, mas também identificamos a capacidade do cinema em tensionar esse conceito e propor modelos para sua superação. A dissertação é dividida em três capítulos, um para cada cinematografia autoral analisada. Em cada uma dessas partes, propomos uma visada sobre os desdobramentos mais recentes do cinema nacional de cada país, a fim de problematizar modos anteriores de relação entre o cinema e as sociedades nas quais ele se desenvolve. |
|
|
|
|
PHILLIPPE SENDAS DE PAULA FERNANDES |
|
Luzes Misteriosas Cruzam os Céus da Amazônia: memória e imaginário no fenômeno Chupa-Chupa |
|
|
Orientadora: Marialva Barbosa
Resumo: A política intervencionista imposta à Amazônia durante a ditadura militar (1964-1985) deixou marcas profundas na região, que até hoje padece com os conflitos agrários e o desmatamento. O discurso ufanista alcançara a última fronteira do país, buscando a soberania nacional e a conquista do “gigantesco mundo verde”. Localizada no nordeste do Pará, às margens da Baía do Marajó, a pequena Ilha de Colares estava bem distante desse ciclo de desenvolvimento. No entanto, em 1977, militares chegaram à cidade para investigar um fenômeno inexplicável: luzes misteriosas cruzavam os céus, aterrorizando a população e transformando completamente a rotina do lugar. Moradores relatavam que ao serem atingidos pelo raio luminoso ficavam parcialmente paralisados, além de sentirem tontura e fraqueza. Todos temiam um ataque do Chupa-Chupa, como ficaram conhecidas as luzes, já que se acreditava que o sangue era sugado por elas. A imprensa local fartamente noticiou o fenômeno, que atingiu grande parte dos municípios da região do Salgado, chegando até a capital, Belém. Diante disso, surge esta pesquisa com o propósito de compreender o processo de formação de memórias em torno desse fenômeno, levando em conta também os imaginários que o atravessam. Para isso, debruçamo-nos nas edições de jornais publicadas em 1977 pela imprensa paraense, nos relatórios militares resultantes da investigação da Aeronáutica e nos próprios relatos daqueles que viveram o pavor dessas noites intranquilas e testemunharam a evolução das luzes pelos céus. Para uns, sinal dos tempos. Para outros, crendice, neurose coletiva. Há quem acredite em intervenção extraterrestre ou simplesmente não acredite em nada, apesar de ter presenciado os focos luminosos. Imersos nessa amálgama que envolve memórias, imaginários e mistérios, nos deparamos com um fenômeno que, 40 anos depois, segue despertando a curiosidade e inspira novas interpretações, transformando o município de Colares na capital ufológica da Amazônia. |
|
|
|
|
TATIANA ROQUETTE TEITELROIT |
|
Brincando de Casinha: subjetivação e o olhar fotográfico-performático de Suzanne Heintz |
|
|
Orientadora: Beatriz Jaguaribe
Resumo: O presente estudo busca refletir acerca do caráter performático e ficcionalizado das imagens feitas pela artista norte-americana Suzanne Heintz nos projetos Life Once Removed e Playing House, séries fotográficas que reproduzem de forma paródica cartões-postais, cartões de Natal, fotos de viagem e do cotidiano, mostrando momentos da intimidade familiar. Heintz utiliza a si mesma e uma dupla de manequins como objetos fotográficos para representar a figura de seu marido e filha, com intuito de criar imagens satíricas da “família feliz” e, através dessa paródia imagética, questionar o papel da mulher, os ideais de felicidade e a imagem familiar e pessoal como um espetáculo a ser consumido socialmente. Observa-se também como sua obra se relaciona com a ficcionalização da vida e, a partir do método genealógico, explora-se afinidades e diferenças entre sua obra e as de outras artistas que “brincam” com bonecas, como uma forma de se pensar as particularidades do processo de subjetivação contemporâneo. |
|
|
|
|
TIANA MACIEL ELLWANGER |
|
Manifestações de Junho de 2013: como experienciamos, esquecemos e lembramos na contemporaneidade |
|
|
Orientadora: Ana Paula Goulart
Resumo: O ambiente de mídia contemporâneo abarca a convivência entre meios novos e tradicionais. Com o uso de algoritmos pelas redes sociais e sites de busca, a internet ganhou contornos inéditos, a exemplo do filtro-bolha e da pós-verdade. São parte da contemporaneidade ainda a hipervalorização do presente e o colapso do sentimento de representação política. É nesse contexto que irrompem as manifestações de 2013 no Brasil. Os protestos em rede, que guardam similaridades com outros surgidos na última década em diversos pontos do globo, têm sua existência contínua no espaço da internet, mas se tornam movimentos ao ocupar o espaço urbano. São movimentos espontâneos na origem, desencadeados por faíscas de indignação e inflados por solidariedade, ressonância e empatia. Não contam com lideranças formais. São instáveis e, em geral, não propositivos ou programáticos. Suas motivações são múltiplas e em diversas camadas. No Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro, os movimentos questionaram, por exemplo, o preço das passagens de ônibus, o uso dos espaços públicos, a privatização do Maracanã, gastos com megaeventos em detrimento de investimentos em saúde e educação, além de fortes indícios de corrupção por parte do governador Sergio Cabral e das empresas de transporte público. Os levantes almejavam também a preservação do direito a ter direitos, a se manifestar sem ser violentamente reprimido. Sob a perspectiva dos estudos da memória e com inspiração metodológica de Michael Pollak, nos propomos a analisar o silenciamento, o enquadramento e o esquecimento contido nas narrativas e discursos memoráveis dos dois maiores expoentes da mídia corporativa e do midiativismo no país: o Jornal Nacional e a Mídia Ninja. De um lado, um olhar formal, panóptico, próximo à visão da polícia e do Estado e um discurso homogeneizante. Do outro, uma estética de subjetividade, informalidade, baixa resolução, hipermobilidade, fisicalidade e uma narrativa mais polifônica. Como inspiração de todo o trabalho estão o amor pela verdade, os dispositivos do afeto, o deslumbramento com a memória e a teimosia da esperança. |
|
|
|
|
THAÍS INÁCIO REZENDE SILVA |
|
(Não) Humanos a Partir de Imagens do Mundo: inscrições da Guerra, de Harun Farocki |
|
|
Orientadora: Fernanda Glória Bruno
Resumo: O presente estudo parte da metodologia ANT (Actor Network Theory) por sua possibilidade de abordar a técnica como agente, de forma potencialmente simétrica ao humano. Procuramos tematizar a agência “não humana” no cinema “de autor”, mais especificamente, no filme Imagens do Mundo, Inscrições da Guerra (1989), dirigido pelo alemão Harun Farocki. Trata-se de uma análise de parte das máquinas de visão e das imagens operativas que aparecem no filme, buscando refletir sobre a agência dessas máquinas e imagens na redefinição do olhar ou na relação entre o olhar humano e a visão da máquina. Primordialmente, nos perguntamos sob que condições o não humano pode negociar com a postulação do autor no campo teórico do cinema, nos propondo a pensar em uma “autoria distribuída” entre objetos e processos que rodeiam a criação fílmica. As principais referências teóricas utilizadas provêm dos pensadores Harun Farocki, Bruno Latour, Sylvie Lindeperg e Michel Foucault. |
|
|
|
|
VINICIUS FERREIRA RIBEIRO CORDÃO |
|
Imprensa Homossexual Brasileira e Construções de Subjetividades (1960-1980) |
|
|
Orientadora: Ana Paula Goulart Ribeiro
Resumo: Esta dissertação analisa como os jornais e revistas homossexuais brasileiros, que circularam entre as décadas de 1960 e 1980, atuaram enquanto tecnologia de gênero, responsável por regular, aplicar e reforçar formas ideais de homossexualidade. Para escrever essa história, analisamos as práticas e os processos jornalísticos de 33 periódicos homossexuais nos atendo às suas formas de produção, financiamento, conteúdo, aos seus produtores e leitores ideais, para além, de aspectos ligados ao seu consumo. Partindo dessa discussão, podemos perceber que essas publicações adotavam, a partir de seu contexto de produção, estratégias que visavam legitimar a homossexualidade, garantir direitos e lutar contra opressões. Ao longo de décadas, esse segmento da imprensa conseguiu subverter e criar normas e, assim, ocupar em diferentes níveis o espaço público. Com base em nossa pesquisa, concluímos que a história das três primeiras décadas da imprensa homossexual brasileira foi caracterizada pela disputa entre quatro ordens de saber que disputavam a verdade sobre o ideal de homossexualidade. Denominamos essas matrizes discursivas de modelo hierárquico, modelo igualitário, modelo queer e modelo pink money. Os modelos identificados coexistiram e permearam, muitas vezes, um único jornal ou sujeito, mas suas delimitações permitem perceber que existiram práticas jornalísticas singulares que semantizaram o corpo homossexual e suas subjetividades de formas distintas. |
|
|
|
|
|