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DISSERTAÇÕES DE MESTRADO // DISSERTAÇÕES EM 2014 |
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ALICE CARVALHO DE MELO |
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Na Ordem do Tempo: a sistematização do passado no Jornal do Brasil (1962-1974) |
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Orientador: Ana Paula Goulart Ribeiro
Resumo: Esta dissertação tem intuito de analisar os usos do passado no Jornal do Brasil, em um momento muito particular de sua história. Entre 1962 e 1974, o JB consolidava as reformas gráficas e de conteúdo iniciadas na imprensa brasileira nos anos 1950. Neste contexto, é criado o Departamento de Pesquisa e Documentação, um arquivo pioneiro no trabalho de catalogação de informação de imprensa, que, a partir de 1964, passa a ser também editoria de produção de texto jornalístico. O argumento central do trabalho é que é possível compreender algumas articulações de percepções do tempo naquele jornal, por meio da análise do trabalho desenvolvido pela Pesquisa. Chamamos de sistematização uma utilização específica do passado no presente social, que vale para aquele jornal, na época recortada. Este uso teria como finalidade reforçar a atualidade da notícia ao criar um lugar para o passado em suas páginas; além de reforçar a importância da própria mídia enquanto testemunha ocular dos acontecimentos. O passado engrenado pelo JB (por meio da Pesquisa) confere sentido ao presente social, em um momento de crise na ordem do tempo moderna. Com vistas para o futuro, o jornal tentaria explicar a realidade dentro de uma nova percepção de jornalismo, tempo e história. |
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ANDRÉ DUCHIADE DE MAGALHÃES COSTA |
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Gestos Ambulantes: experimentos do andar no cinema e alhures |
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Orientadora: Anita Matilde Silva Leandro
Resumo: Esta dissertação investiga como o gesto humano de andar foi compreendido e representado em obras literárias, da fisiologia experimental do século XIX e do cinema. Tomando como ponto de partida as teorias de Giorgio Agamben de que uma crise gestual acontece nas sociedades burguesas ocidentais no final do século XIX e de que o elemento do cinema é o gesto e não a imagem, analisamos concepções e representações da locomoção humana em um livro de Balzac, em experimentos dos cientistas alemães Wilhelm e Eduard Weber, na fotografia serial de Eadweard Muybridge e no romance de Wilhelm Jensen Gradiva, uma fantasia pompeiana. Na parte final do estudo, nos voltamos para a representação do andar nos filmes Gradiva: Esquisse 1, da cineasta francesa Raymonde Carasco, no chamado cinema moderno e em Le Révélateur, de Philippe Garrel, procurando entender como o cinema pode cumprir a função política à qual lhe atribui Agamben. Argumentamos que as origens do cinema vinculam-se a uma tentativa de controle da gestualidade humana, mas que, ao mesmo tempo, esta mesma tecnologia pode, desde os primórdios do cinema, por vezes devido a uma capacidade indexical automática do dispositivo, expandir as potencialidades do corpo. |
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BÁRBARA COSTA GALVÃO |
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O Papel do Intelectual na Construção do Consenso durante a Ditadura Militar |
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Orientador: Eduardo Granja Coutinho
Resumo: A dissertação analisa a relação entre cultura e engajamento político na década de 1960, período em que nota-se um florescimento artístico notável, brutalmente atingido pela ditadura empresarial-militar. A partir do golpe de 1964, o Estado, no âmbito cultural, tem dupla função: A censura e repressão dos movimentos artísticos contra-hegemônicos e o fomento da cultura “oficial”, através denovas Instituições (como a EMBRAFILMES e a FUNARTE, por exemplo) e do fornecimento de toda infraestrutura para desenvolvimento e consolidação da indústria cultural. Com poucos espaços para apresentar seus trabalhos, muitos dos artistas que outrora viam sua obra como ferramenta política para a emancipação das classes populares, adequaram-se ao sistema e passaram a servir à lógica do mercado. Por outro lado, esses levam para dentro da indústria da cultura, a linguagem nacional-popular, a qual influencia a criação da dramaturgia nacional. É nosso objetivo entender as consequências desse processo na cena cultural do país, de que forma foi possível neutralizar as vozes dissidentes daqueles intelectuais e como a indústria cultural monopolista, que se desenvolveu no país, passou a ser um dos principais instrumentos para a hegemonia das classes dominantes. |
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BRUNO DE CARVALHO STEHLING |
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DÉRIKA CORREIA VIRGULINO DE MEDEIROS |
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Mandacaru: uma experiência de comunicação comunitária |
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Orientadora: Raquel Paiva de Araujo Soares
Resumo: Esta dissertação de mestrado investiga possibilidades de pensar a comunicação comunitária inserida dentro de uma realidade midiatizada, e a necessidade de avançar em direção a outra perspectiva que ultrapasse a ótica informacional-acionalista, ainda tão presente no campo da comunicação. A abordagem pressupõe que é o princípio comunitário o cerne norteador de uma comunicação entendida sob um aspecto mais humano, que tem por base a natureza sensível dos processos comunicacionais. Diante disso, revela-se na comunicação comunitária um caminho aberto para a efetivação desse novo panorama que se vislumbra para o campo da comunicação, visto que aquela se realiza em contextos de experiências coletivas de indivíduos organizados em um comum. Assim, para esta investigação, primeiro fez-se necessário uma pesquisa teórica acerca das noções de comunidade, passando pelas conceituações mais tradicionais do termo às perspectivas mais contemporâneas, a respeito dos comunitaristas. Em seguida, realizamos um percurso pelas definições sobre a comunicação comunitária, destacando seus principais aspectos a fim de problematizar os pontos que necessitavam de uma
revisão teórica e contextual. Por fim, analisamos como objeto de pesquisa a ‘comunidade’ de Mandacaru, João Pessoa, Paraíba, como um ambiente plural que se constrói na experiência diária de indivíduos em relação, e inseridos em um determinado contexto de vida, e o papel dos veículos de cunho comunitário presentes na localidade nesse processo de organização social. |
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ERICK MENDONÇA DAU |
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A Pornografia Hoje: as estratégias do capitalismo através do sexo. Ideologia e opressão da mulher |
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Orientadora: Janice Caiafa Pereira e Silva
Resumo: A pornografia é parte inconteste da paisagem cultural globalizada do século XXI. Ela está nas telas dos computadores pessoais, nos tablets, nos telefones, mas também nas peças de publicidade espalhadas pelas cidades, à disposição de todos. Seus textos e suas imagens, contudo, não são inertes e trazem mensagens problemáticas para seus espectadores. Compreendendo a amplitude do alcance da pornografia, este trabalho investiga as relações sociais que uma certa porção majoritária da indústria pornográfica engendra em suas representações, com especial atenção àquelas relacionadas ao gênero feminino. Desta forma, o trabalho lança mão de conceitos políticos e históricos para avaliar este poder da mídia pornográfica e sua relação com a evolução do próprio corpo social. Os conceitos de reificação, dispositivo de sexualidade, mitologia e hegemonia, elaborados respectivamente por Marx e Lukács, Foucault, Barthes e Gramsci, além de autores por eles inspirados, são o cerne da análise aqui proposta, que também retira de autores diretamente ligados à pornografia, como Gail Dines e Alan Soble, conceitos fundamentais para a compreensão do tema. |
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FELIPE GURGEL PINTO |
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A Experiência do Público nos Festivais de Música: comunicação e consumo de música ao vivo nas edições do Grito Rock Rio de Janeiro e Rock In Rio 2013 |
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Orientador: Micael Maiolino Herschmann
Resumo: Esta dissertação investiga o consumo de música ao vivo, com foco na experiência do público do circuito de festivais de música no Brasil. Analisando as fronteiras fragilizadas entre ambos, são considerados nesse recorte os eventos do grande mercado de entretenimento (conhecido como mainstream); e as realizações alternativas e mais independentes de retorno comercial (os ditos indies). Como estudo de caso, a pesquisa lida com o público das edições dos festivais Grito Rock Rio de Janeiro e Rock In Rio em 2013. A pesquisa busca identificar intersecções, entre as fronteiras dos universos indie e mainstream, que potencializam o consumo da experiência de acompanhar um festival de música; contar a história dos festivais de música no Rio de Janeiro através de depoimentos do público; e contribuir para uma compreensão mais ampla das distintas situações de consumo cultural. Como hipóteses, a argumentação aqui desenvolvida tenta validar, basicamente, que há relação entre a memória e outras temporalidades na articulação de uma experiência singular para o público consumidor dos festivais; e ainda que o público desses eventos seja compreendido como uma reunião de indivíduos, tribos diversas e motivações plurais. Sem necessariamente um “lugar marcado” para grupos específicos nessa reunião. Há, entretanto, a emergência de uma economia da experiência estruturando e assegurando o valor comercial da experiência sonora ofertada ao público. |
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FERNANDO GARCIA VELASCO |
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O Sentido do Sofrimento: narrativas midiáticas da corrupção política |
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Orientador: Paulo Roberto Gibaldi Vaz
Resumo: Nietzsche argumenta que o problema do sofrimento humano não está no sofrimento em si, mas em sua ausência de sentido. Em cada cultura ou momento histórico, a atribuição de sentidos ao sofrimento constitui necessidade existencial aos sujeitos. Designar sentido ao sofrimento significa torná-lo explicável, percorrê-lo em suas causalidades, produzir sua narrativa. Entre todos os possíveis, as diferentes culturas escolhem os sofrimentos que privilegiam. Selecionam também as explicações que tipicamente atribuem a eles. Uma vez que a mídia configura espaço de aprendizado coletivo de sentidos, as narrativas postas em circulação pelos meios de comunicação expressam e atuam tanto nas escolhas quanto no desígnio de explicações ao sofrimento. O noticiário brasileiro atual indica que o sofrimento ligado a eventos políticos está entre os que recebe especial atenção das narrativas midiáticas dominantes, que o explicam preponderantemente a partir da ideia de corrupção. Ao mesmo tempo, argumentos como o de que a atividade política no Brasil seria singularmente corrupta ou de que as últimas décadas se distinguiriam necessariamente pelo aumento da corrupção política, permanecem, no mínimo, à espera de demonstrações. Esta dissertação propõe então a ideia de que, mais do que como fenômeno da realidade, a prevalência da corrupção política no Brasil contemporâneo se torna mais significativa quando tomada como construção social. Articulada a elementos distintivos da cultura e moralidade do Brasil atual, a noção de corrupção política adquire centralidade e apoia a produção de narrativas que atribuem ao sofrimento os sentidos a partir dos quais é dado aos homens equacioná-lo existencialmente. |
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GUILHERME RODRIGUES FERRAZ SILVA |
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Diante da Fotografia: ética e estética do contato no pensamento de Georges Didi-Huberman |
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Orientador: Maurício Lissovsky
Resumo: A presente dissertação investiga o pensamento do filósofo e historiador da arte francês Georges Didi-Huberman acerca da imagem fotográfica. Apoiando-se em textos em que uma crítica filosófica das noções de história e representação é empreendida pelo autor à luz de uma arqueologia da imagem na era de sua reprodutibilidade técnica, este trabalho pretende averiguar a hipótese de que a fotografia assume a posição de um verdadeiro instrumento de pensamento em sua prática intelectual. Para tal, procura-se explorar o olhar lançado por Didi-Huberman sobre a complexidade dos processos de produção de semelhança por contato, ou seja, processos de caráter indiciário como aquele do qual resulta a imagem fotográfica. Tal estratégia objetiva tornar possível compreender o modo pelo qual as singularidades destes processos oferecem ao autor o terreno para a construção de um paradigma estético capaz de propor a recuperação de uma reflexão ética acerca do valor de uso das imagens. Através de uma pesquisa bibliográfica, propõe-se, então, compreender a construção do que será chamado de um “paradigma do contato” na obra de Didi-Huberman e, assim, da forma como ele é operado pelo autor em suas atividades de conhecimento. Com isso, acredita-se, será possível avaliar como o pensamento do autor pode contribuir para apresentar um olhar renovado acerca de algumas questões historicamente estabelecidas sobre a questão do fotográfico. |
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HERMANO ARRAES CALLOU |
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Uma Arte das Relações: a montagem de Harun Farocki |
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Orientador: André de Souza Parente
Resumo: O presente estudo analisa a obra de maturidade do cineasta, ensaísta e artista visual tchecoalemão Harun Farocki. O que investigamos são os modos pelos quais a montagem de imagens de arquivo de Farocki constitui uma forma de pensamento, capaz de explorar as camadas visíveis, legíveis e temporais dos arquivos. Procuramos analisar as transformações sofridas na arte da montagem a partir da passagem dentro da obra do cineasta do filme-ensaio às montagens instalativas. Construímos nossa abordagem a partir de um cruzamento crítico entre a teoria contemporânea do arquivo e as teorias da montagem. |
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IAN DE VASCONCELLOS SCHULER |
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Lugares e Coisas: a apresentação das cidades em filmes de Tsai Ming-Liang |
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Orientador: Denilson Lopes Silva
Resumo: Análise de temas que perpassam as cidades em filmes de Tsai Ming-Liang. Selecionamos três perspectivas para engendrar o trabalho, que resultaram na distribuição em três capítulos da dissertação. No primeiro capítulo, discutimos a paisagem urbana como categoria central, traduzida em espaços amplos, registrados em plano geral, e analisados a partir do curta-metragem “Walker” (2012). No segundo capítulo, analisamos os objetos, entendidos como componentes da paisagem urbana, fragmentos que fazem parte de seu todo, e que podem variar de denominação de acordo com o uso. No caso, diferenciamos objetos de coisas, mercadorias e obras de arte. A análise parte da estrutura narrativa do filme “Que horas são aí?” (2001). E, no terceiro e último capitulo, discorremos sobre paisagens midiáticas, a partir do conceito de Arjun Appadurai, constituídas por imagens pornográficas ou de musicais no filme “O sabor da Melancia” (2005), que acabam por constituir as paisagens urbanas na contemporaneidade. Pretendemos, com essas três perspectivas temáticas, produzir uma análise de imagens das cidades que perpassam parte da cinematografia de Tsai Ming-Liang. |
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ISABELA MACHADO DE OLIVEIRA FRAGA |
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Eu Não Sou Eu, Sou Muitos Outros: mediações dos transtornos mentais no espaço autobiográfico contemporâneo |
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Orientador: João Batista de Macedo Freire Filho
Resumo: Este trabalho articula entre si dois fenômenos contemporâneos que costumam ser tratados separadamente: o boom do espaço biográfico (ARFUCH, 2010) – principalmente na mídia, à revelia do cânone literário – e a expansão dos diagnósticos e do tratamento psiquiátrico, que cada vez mais fazem parte da vida cotidiana da população brasileira e orientam tipos de subjetivação, tanto na forma de medicamentos psicotrópicos quanto das imagens cerebrais. Para essa investigação de subjetividades, foram escolhidas como principal objeto de análise: a) duas obras autobiográficas de autores diagnosticados como doentes mentais – Rodrigo de Souza Leão (Todos os cachorros são azuis, 2006) e Maura Lopes Cançado (Hospício é Deus, 1965) –; b) entrevistas que esses autores deram à mídia; e c) relatos de duas celebridades contemporâneas veiculados na televisão e na mídia impressa – a cantora sertaneja Paula Fernandes, diagnosticada com depressão aos 18 anos, e a atriz e apresentadora Luciana Vendramini, diagnosticada com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) aos 19. Ao traçar uma linha narrativa que une enunciados tão distintos entre si, foi possível perceber que, embora o “sujeito cerebral” desponte como self prevalente na cultura contemporânea, ele convive com outras formas de estar no mundo – psicológicas e emocionais. As narrativas de Rodrigo, Paula e Luciana demonstram essa coexistência e, especialmente no caso das celebridades, convivência. |
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IVONE ROBERTA ALVES BARREIRA |
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Narrativas Jornalísticas Multimídia: desafios para o ensino de jornalismo |
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Orientadora: Beatriz Becker
Resumo: O jornalismo, como prática social e campo de conhecimento singular, é demarcado por dicotomias como teoria/prática, academia/mercado ou ainda cursos de Comunicação/cursos de Jornalismo. Essas dicotomias também influenciam o ensino da profissão. A reflexão proposta nesta dissertação parte de um estudo das características das narrativas multimídia publicadas em alguns dos principais portais jornalísticos em diferentes países - consideradas uma das formas de escritura mais inovadoras da atualidade - para verificar como a academia responde, por meio da organização de suas grades curriculares dos Cursos de Jornalismo na Graduação, às demandas do mercado para a produção desses conteúdos e formatos noticiosos. O principal objetivo desta pesquisa é compreender como a formação em jornalismo multimídia e a articulação entre diferentes pensamentos e atividades pedagógicas podem contribuir para um aperfeiçoamento dos processos de aprendizagem dos futuros jornalistas. Este trabalho também destaca a importância da internacionalização da pesquisa para o aperfeiçoamento da formação profissional, compartilhando resultados de experiências de ensino no Brasil e em Portugal, por meio de um estudo dos Cursos de Jornalismo da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO-UFRJ) e da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (CC-FLUP). |
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JANAINE SIBELLE FREIRES AIRES |
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Programas Sensacionalistas e Relações de Poder: a construção do perfil político de um "Defensor do Povo” |
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Orientadora: Suzy dos Santos
Resumo: Esta pesquisa se dedica à análise do processo de construção do perfil político de um apresentador de televisão como um “defensor do povo”. Adotando como objeto de estudo o comunicador Samuka Duarte que, desde final de 2010, comanda o programa “Correio Verdade”. Produzido pela TV Correio, afiliada da Rede Record, o programa de maior audiência da televisão paraibana centra sua produção na cobertura de fatos policiais e na prestação de serviços. Nosso objetivo foi compreender as estratégias utilizadas pelo Sistema Correio de Comunicação na fundamentação política da imagem do apresentador e do programa, fortemente entrelaçado com a política local. Por isso, analisamos os quadros específicos que elaboram o apresentador como um “homem do povo”, a feira de serviços mensal chamada “Caravana da Verdade”, que percorre bairros periféricos das principais cidades da Paraíba com shows de bandas populares somados à prestação de serviços de patrocinadores e também de instituições ligadas ao serviço público, bem como a conjuntura política que envolve os comunicadores e os meios em que trabalham. Apoiando-nos no instrumental teórico-metodológico proposto pela Economia Política da Comunicação, nossa hipótese indica que o investimento político na imagem dos apresentadores e no espaço do programa de televisão é resultado da identificação dos interesses coletivos emanados e estimulados pelo/no público, bem como pelos interesses do radiodifusor que os emprega, consequentemente, das elites políticas brasileiras. |
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JEFFERSON ROCHA LEITE DE OLIVEIRA |
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O Real em Transe: um estudo do método de Frederick Wiseman no Documentário Titicut Follies |
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Orientadora: Anita Matilde Silva Leandro
Resumo: A presente dissertação tem como tema central o estudo do método empregado pelo documentarista estadunidense Frederick Wiseman, na criação de sua primeira obra autoral, o
filme Titicut Follies (1967). A partir desta análise, esta pesquisa busca investigar a possível aproximação da obra de Wiseman com aquilo que o filósofo Gilles Deleuze (2005) identificou como “transe”, e que estaria presente em outras obras cinematográficas do período do pósguerra – como no “cinema de agitação política” do brasileiro Glauber Rocha, ou no “cinetranse”
do francês Jean Rouch. Para isso, estudamos as formas de produção do filme e de construção da mise en scène, assim como o método de montagem empregado pelo cineasta alvo deste estudo, sempre tecendo relações entre o gesto político embutido na prática cinematográfica de Frederick Wiseman, e o gesto característico do cinema do transe que se desenvolveu, em sua maioria, durante a década de 60. |
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LAILA MELCHIOR PIMENTEL FRANCISCO |
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Documental Imaginário: ensaio, fabulação e performance na fotografia de Alessandra Sanguinetti |
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Orientadora: Consuelo da Luz Lins
Resumo: O presente estudo tem como objeto o ensaio de fotografias The adventures of Guille and Belinda and The enigmatic meaning of their dreams da artista argentino-estadunidense Alessandra Sanguinetti. Investigamos como a forma documental explorada pela fotógrafa assume tendências ensaísticas que “torcem” as formas estabelecidas do documentário clássico ao mobilizar um outro regime de verdade, fortemente marcado pela presença de elementos estéticos e por um componente fabulatório. A partir da reflexão do filósofo Gilles Deleuze (1990) sobre a função fabulatória no cinema do real, buscamos aproximar o trabalho de Sanguinetti do gênero documental imaginário, que vem sendo assimilado ao vocabulário da prática fotográfica contemporânea sem uma contrapartida teórica suficientemente elaborada. Ademais o que mais se destaca nos filmes do cinéma verité destacados por Deleuze – bem como nas obras que aqui reunimos sob o signo do documental imaginário – é um gesto de dissolução do estatuto objetivo e subjetivo que funda o regime de verdade associado tradicionalmente ao gênero documental. Na prática de Sanguinetti a fabulação implica a revogação do objetivo/subjetivo por meio de um jogo performático em que a fotógrafa propõe brincadeiras e referências a serem apropriadas e performadas por Guille e Belinda, personagens do ensaio. Identificamos ao longo do texto algumas outras experiências no campo da fotografia e do cinema que, por meio da função fabuladora, combinam formas ensaísticas da imagem, inflexões poéticas e performance ao documentário. Neste sentido, destacamos neste trabalho obras como as de Grete Stern, Julia Margaret Cameron, Clementina Hawarden e Petra Costa, artistas com cujas obras Sanguinetti parece estabelecer um diálogo consistente – embora quase imperceptível a não ser se pensado a partir da noção de museu imaginário – trabalhando num mesmo horizonte de reorganização do visível como abertura de novos modos de percepção do real. |
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LEILA DAHIA |
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Práticas de Comunicação dos Loucos Leitores: uma abordagem a partir de Lima Barreto |
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Orientadora: Marialva Carlos Barbosa
Resumo: As práticas de comunicação dos loucos leitores, a partir das memórias de Lima Barreto, relatadas no seu Diário do Hospício, durante a sua internação no Hospício Nacional dos Alienados constituem o objeto desta pesquisa. O tema foi desenvolvido a partir da afirmação de que os loucos, os excluídos, marginalizados, encarcerados, também são leitores, das reflexões a respeito dos processos históricos de leitura realizados no passado e da compreensão de que o passado deixa escrito no presente traços, restos e rastros constituindo objeto de interpretação do pesquisador. Há um tipo de leitura específico que remete a processos de comunicação que são particulares daqueles que encarcerados são nomeados e hierarquizados como loucos. Para melhor compreensão e organização, os capítulos estão divididos da seguinte forma: o primeiro capítulo traça um paralelo entre a História da Loucura de Foucault e o Diário do Hospício, situando Lima Barreto no contexto da loucura, através das observações e questionamentos enquanto interno no Hospício. No segundo capítulo, apresenta os loucos leitores, identificando e classificando os loucos que compartilharam suas leituras com Lima Barreto. No capítulo três, tendo como base teórica Roger Chartier, no livro Práticas da Leitura, mostra e interpreta as materialidades das leituras dos loucos, extraídas das notícias dos jornais Correio da Manhã e Gazeta de Notícias. Por fim, apresenta a conclusão confirmando as questões inicialmente propostas. |
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MARCELA CANAVARRO RODRIGUES MARTINS |
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Internet e Trabalho Produtivo Não-remunerado: da criação de redes à palavra-mercadoria |
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Orientador: Marcos Dantas Loureiro
Resumo: Inserida no campo teórico da Economia Política da Comunicação (EPC), esta pesquisa visa trazer colaborações sobre a geração de valor em redes sociodigitais geridas pelo sistema de usuário-login (VILARIM, 2012). Ao cercar, nos chamados jardins murados (DANTAS, 2011b), a interação espontânea de usuários, plataformas como o Facebook alinham-se a um modelo de acumulação flexível (HARVEY, 2012) e reinventam a corporação-rede (CHESNAIS, 1996, CASTELLS, 2003), a partir de novas estratégias de flexibilização do mercado de trabalho. A cadeia de geração de valor no modelo de negócios do Facebook envolve o trabalho informacional ou semiótico (DANTAS, 2012, 2014) de funcionários da empresa (mão de obra remunerada), anunciantes (clientes), usuários (mão de obra gratuita) e algoritmo (tecnologia). Nesta perspectiva, a plataforma de interação social oferecida gratuitamente para usuários é parte dos fatores necessários para a produção da mercadoria, a palavra-chave. Buscamos também contribuições na teoria das redes (BARABÁSI, 2002; RECUERO, 2009) para realizar uma análise empírica da evolução de uma rede de afinidades a partir do trabalho semiótico da página Rio Na Rua. Propriedades básicas das redes, assim como elementos geradores de valor, não se manifestam na plataforma produzida por trabalhadores contratados se não houver interação constante dos usuários. Propomos, assim, que a divisão de trabalho no ciclo de produção total do Facebook envolve a interação de trabalho vivo, realizado por trabalhadores contratados e por usuários, e trabalho morto, feito pelo algoritmo. |
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MARIA FLOR ABRANTES BRAZIL |
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Movimentos do Mar no Cinema Português |
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Orientadora: Anita Matilde Leandro
Resumo: A partir de uma investigação sobre a imagem do mar no cinema português, analisamos sete filmes, organizados em três diferentes concepções, assim denominados: “Mar-destino”, em que a imagem do mar evoca o passado mítico dos grandes feitos marítimos, atrelado a uma concepção triunfalista própria do Estado Novo; “Quebra-mar”, em que a imagem do mar em determinados filmes suscita a ideia de crise e de desejo de uma nova representação do país; e “Mar-liberto”, em que a presença do mar sugere a ultrapassagem do "ser português", numa concepção crítica deste passado idealizado, apontando para uma dimensão internacionalizada entre o homem português e o mundo. À luz do Atlas Mnemosyne realizado pelo historiador da arte Aby Warburg, dispusemos as imagens dos filmes referidos em um atlas, para que, a partir de novas articulações das imagens do mar contidas nos filmes, pudéssemos percorrer possíveis trajetos de transmissão e permanência dessa imagem, evidenciando as tensões ali contidas e a sua relação com a cultura portuguesa nos dias de hoje. |
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MILENA DE CARVALHO CAMPE |
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Lugares de Encontro como Obras de Arte: o coletivo Opavivará! e a estética relacional |
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Orientadora: Victa de Carvalho Pereira da Silva
Resumo: O presente trabalho apresenta um estudo sobre as práticas relacionais e participativas utilizadas nos trabalhos criados pelo coletivo Opavivará!. Considerando que essas práticas se estabelecem na forma de lugares de encontro, foram abordadas questões pertinentes a esse processo colaborativo, tais como a participação do espectador, a estética relacional e a autoria compartilhada. A ideia de função-autor, estabelecida por Michel Foucault (2009), e a de autoria múltipla, estabelecida por Boris Groys (2008), nos ajudaram a compreender a estrutura presente em obras de arte que se estabelecem na forma de plataformas de convívio. Nos espaços que são cuidadosamente elaborados pelo Opavivará!, certas ações, tão presentes no cotidiano normal e corriqueiro da vida comum, são reencenadas e experimentadas na forma de uma ação coletiva. Buscamos compreender não só as origens deste processo, como também a maneira pela qual essas práticas relacionais e participativas podem expandir o campo das artes rumo a uma interação maior com certas práticas sociais e cotidianas, normalmente realizadas por indivíduos anônimos. |
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OONA CALDEIRA BRANT MONTEIRO DE CASTRO |
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O Ministério da Cultura e os Cconceitos de Economia da Cultura e Economia Criativa entre 2003 e 2014 |
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Orientador: Marcos Danta Loureiro
Resumo: As expressões economia da cultura e economia criativa têm sido utilizadas para designar uma grande quantidade de definições, concebidas por diversos autores que se dedicam a estudos dessa área, bem como por organizações internacionais, órgãos públicos e atores do setor privado. São conceitos em construção, que apresentam diferenças de abordagem, escopo e revelam diferentes premissas teóricas e preocupações. No Brasil, desde 2003, o Ministério da Cultura fez diferentes usos dessas expressões, culminando em 2011 com a redefinição do conceito de economia criativa, que serviu de base para a elaboração de um abrangente plano de governo denominado Plano Brasil Criativo. O propósito desta dissertação é apresentar uma revisão bibliográfica dos conceitos de economia da cultura e economia criativa e, a partir de documentos e entrevistas, discute a maneira como o Estado brasileiro (por meio do Ministério da Cultura) os empregou na formulação de políticas para a área, entre 2003 e 2012. Para essa discussão, foram utilizadas as categorias e conceitos da economia política da comunicação, tendo em vista o capitalismo informacional e o papel da cultura na economia brasileira. |
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PAOLA ORCADES MEIRELLES |
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A Roda de Samba como Prática de Comunicação Intertemporal: herança viva da tradição |
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Orientador: Eduardo Granja Coutinho
Resumo: Esta dissertação de mestrado tem como objetivo analisar a roda de samba como uma prática de comunicação intertemporal da cultura afro-brasileira: uma práxis de cunho sociocultural que comunica a matriz simbólica africana do samba entre as diferentes gerações, através do resgate e atualização do legado ancestral negro originário da diáspora em terras brasileiras, que aqui chamamos de cultura de arkhé. Para alcançar tal finalidade, foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre as rodas de samba pioneiras e uma pesquisa de campo com o método da observação participante nas rodas de samba contemporâneas, buscando traçar as continuidades e atualizações desta prática no seu curso histórico. Abordamos também a face mercadológica do samba, analisando sua relação com a indústria cultural e o Estado, destacando o papel que a roda de samba desempenha como espaço de cultivo da tradição, o que lhe denota uma face contra-hegemônica. Isso porque, desde as suas origens, assim como o terreiro de candomblé, a roda de samba representa a reterritorialização em nosso país da matriz simbólica africana constantemente reprimida e marginalizada pelo sistema hegemônico. E, ainda nos dias de hoje, consegue manter elementos que não foram subjugados pelas leis do mercado ou do Estado, como a alegria, o afeto, o caráter comunal e a experimentação lúdica da vida. Nesse sentido, nossa hipótese sugere que a roda de samba contemporânea ainda é herança viva da própria tradição do samba, referenciando um legado ancestral para a continuidade dinâmica do coletivo negro marginalizado ao longo do tempo, ligando de forma dialética passado, presente e futuro das diversas gerações afrodescendentes. |
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PAULA FALCÃO DE SOUZA |
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A Genealogia das Lutas Multitudinárias em Rede: o #vemprarua no Brasil |
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Orientador: Henrique Antoun
Resumo: Em junho de 2013, uma onda de protestos tomou conta do Brasil, deixando evidente um recente empoderamento da multidão. Grande parte disso justifica-se pelo fato de a população ter incorporado novas tecnologias ao seu cotidiano. Se antes os relatos dos movimentos sociais ficavam a cargo do monopólio da massa media, hoje os cidadãos comuns tornaram-se atores ativos no processo de narração dos fatos sociais. Neste trabalho, analisamos a rede formada pela hashtag #vemprarua no Twitter. Para isso, capturamos 108.158 tweets, no período de 15 de junho a 15 de julho, e geramos grafos no Gephi a fim de possibilitar a visualização e a identificação dos atores dessa rede e de suas interações ao longo desse recorte mensal. Indo mais além, optamos por estudar a explosão da rede #vemprarua no Twitter, isto é, o início e a solidificação de seu uso ao longo dos protestos. Sendo assim, analisamos os dados específicos dos dias 15, 16 e 17 de junho de 2013, separadamente, para entender quais os atores iniciais dessa rede. Realizamos, ainda, uma análise semântica a partir das hashtags e palavras mais utilizadas nesse período e um estudo sobre quais os links mais compartilhados entre os usuários nesses três dias. |
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PLÍNIO JOSÉ DA FRAGA JUNIOR |
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A Morte de um Jornal do Brasil: contada por seus editores |
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Orientador: Muniz Sodré de Araújo Cabral
Resumo: A mítica de um jornal é construída por seus editores. A narrativa e análise da atuação de editores do Jornal do Brasil, entre as décadas de 1950 e 2000, mostram como eles foram responsáveis pela criação da mítica do fazer jornalístico do Jornal do Brasil, uma linha com identidade própria no panorama da imprensa nacional. A partir do conhecimento mais amplo de como construíram esse fazer específico, levantamos padrões que possam auxiliar na transformação da produção jornalística na era da informação digital, multifacetada, ágil, onipresente, mas necessitada de seletividade, de qualidade e de abordagens éticas e inteligentes. Mapear essas linhagens jornalísticas ajuda estabelecer a evolução do campo profissional até aqui e traçar caminhos para o futuro. Das questões administrativas mais prosaicas à investigação histórica importante, os relatos dos editores permitem engrandecer o entendimento de período rico do jornalismo e resgatar a memória de um fazer específico pouco reconhecido ou estudado. |
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RENATA FONSECA CATHARINO |
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Potências do Intervalo: a montagem em "Serras da Desordem" |
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Orientadora: Anita Matilde Silva Leandro
Resumo: O presente trabalho toma por objeto o filme Serras da Desordem (Andrea Tonacci, 2006) para analisar a forma diferenciada desta obra lidar com os procedimentos usualmente empregados em documentários que trabalham a memória histórica – a saber: reencenações, retomada de imagens de arquivo e registro de testemunhos. Demonstraremos que o gesto de montagem que atravessa o filme de Tonacci converte esses três métodos em estratégias críticas, por permitir uma retomada do passado enquanto vestígio, sempre aberto a novas possibilidades de leitura; por demandar um olhar e um posicionamento crítico frente à produção, à reprodução e à fruição das imagens; e por trabalhar a questão da alteridade no cinema a partir de uma perspectiva relacional. Serras da Desordem se constrói nas fronteiras entre o documentário e a ficção, entre as memórias individuais e a história oficial, entre o cineasta e os sujeitos filmados. Em nossa análise, reconhecemos que as associações entre as imagens são trabalhadas, ao longo de todo o filme, de forma a produzir e explicitar essas zonas intersticiais e é nesse sentido que buscaremos mostrar o intervalo como princípio-chave para o método crítico de montagem empreendido no filme. |
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