Emmanuel Carneiro Leão criou o mestrado em comunicação no ano de 1972. A Escola, recém-criada, ainda não tinha massa crítica para esse salto. Foi um movimento ousado, que deu certo. Puxada pelo trabalho de pesquisa e reflexão que no Mestrado aceleradamente se veio a fazer, a graduação cresceu. Os professores mais ativos teoricamente eram então professores da graduação e alunos do mestrado. Houve nesse momento reais vasos comunicantes entre os dois níveis de ensino. A pesquisa puxou a ECO para cima, e a tornou a melhor escola de comunicação do Brasil. O arrojo de saltar etapas e comprimir esforços frutificou. Era assim Emmanuel Carneiro Leão. Um homem de pensamento, profundamente meditativo, e um administrador capaz de arriscar uma tão grande aventura. Deu régua, compasso e bússola ao que veio a ser o PPGCOM, o primeiro programa nota 7 do Brasil. Deu-nos leme e direção. E não foram triviais no cenário de então: uma segura base humanística, que até hoje distingue o Programa, e uma direção transdisciplinar – uma transdisciplinaridade que era menos um método do que um exercício de liberdade. Como o grande mestre que foi, soube dar espaço às competências díspares dos professores do Programa, e colheu frutos de multiplicação de objetos e estratégias de pesquisa que, igualmente, são nossa marca até hoje.
Foi pela vida toda um mestre. Professor excepcional, de cujas aulas e inesperadas questões dirigidas a cada um, a cada uma de nós, e que frequentemente guiaram nossas vidas de pesquisadores, não foi apenas nas salas de aula que exerceu sua maestria. Tinha grande capacidade de ouvir, compreender nossas perplexidades e, às vezes em uma curta frase, pôr-nos a caminho. De outras vezes improvisava belas aulas de pé no corredor. E punha-nos a caminho. Emmanuel Carneiro Leão morreu no dia 7 de outubro de 2023, aos 94 anos de uma bela vida a serviço do pensamento e das pessoas. Um silêncio de espanto e tristeza faz sombra hoje sobre o PPGCOM. Sombra benfazeja, que anuncia um sol redobradamente claro, um céu belamente limpo. Saberemos esperar. Na nossa tristeza lateja uma impagável gratidão. Márcio Tavares D"Amaral
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