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Doutor em Literatura Brasileira pela PUC-Rio. Realizou pós-doutorado sênior no PPGCOM da UFMG. É bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq (Nível 1D). Ministrou cursos como professor convidado nos programas de pós-graduação da UFBA, da PUC-RS, da UFMG, da UFSM e da UFRN. Recebeu o Prêmio Compós de orientador da melhor tese de doutorado, em 2011 e em 2018. Coordena o Núcleo de Estudos de Mídia, Emoções e Sociabilidade — NEMES (https://www.nemesufrj.com/), cadastrado no diretório de grupos de pesquisa do CNPq. Autor e organizador de diversos livros, dentre eles: Reinvenções da resistência juvenil: os estudos culturais e as micropolíticas do cotidiano (Mauad, 2007); A TV em transição: tendências de programação no Brasil e no mundo (Sulina, 2009); Ser feliz hoje: reflexões sobre o imperativo da felicidade (FGV, 2010); A promoção do capital humano: mídia, subjetividade e o novo espírito do capitalismo (Sulina, 2011 — com Maria das Graças Pinto Coelho); Entretenimento, felicidade e memória: forças moventes do contemporâneo (Anadarco, 2012 — com Ana Paula Goulart Ribeiro e Micael Herschmann); Celebridades no século XXI: transformações no estatuto da fama (Sulina, 2014 — com Vera França e Lígia Lana).
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No Lugar do Outro: Pedagogias e Tecnologias da Empatia
Resumo A empatia sobressai, na atualidade, como uma panaceia universal, capaz de remediar urgentes problemas sociais: dos “excessos” do individualismo ao “drama” dos refugiados; das “polarizações” políticas às mais diversas formas de bullying, assédio e preconceito. Psicólogos, neurocientistas, educadores e militantes dos movimentos negro e feminista enaltecem os prodigiosos efeitos da empatia na promoção da civilidade e da justiça social. Organizações internacionais fomentam a identificação empática com as aflições alheias, em campanhas de defesa dos direitos humanos; gurus da administração, por sua vez, exaltam as vantagens da “empatia organizacional” para “extrair o melhor” dos recursos humanos das empresas, aumentando o rendimento. Uma incessante produção de investigações científicas promete tornar a experiência empática apreensível, governável e utilizável de modos cada vez mais precisos. O objetivo desta pesquisa é, justamente, analisar como variados relatos jornalísticos articulam e referendam os conhecimentos peritos sobre o que constitui a “essência”, as “potencialidades” e os “limites” da empatia, demonstrando ou instruindo de que maneira devemos cultivar esta competência, exercitar este poder, controlar esta capacidade, em diferentes contextos e com distintos propósitos econômicos e sociais. Interessa-me, mais precisamente, ressaltar as ambiguidades éticas e as implicações políticas das pedagogias e das tecnologias para a formação de sujeitos empáticos, presumidamente dispostos e habilitados a colocar-se no lugar do outro, por meio da sensibilidade e/ou da imaginação, cruzando barreiras sociais e culturais, ultrapassando fronteiras geográficas. Com base em que saberes e autoridades a mídia ajuda a configurar a empatia como uma utopia comunicacional do nosso tempo? De que maneira a empatia é diferenciada de outras formas de atenção moral e de outros tipos de conexão afetiva e sentimento solidário? Como é justificada a sua necessidade em situações e contextos específicos? Quais são as práticas e as técnicas indicadas para o cultivo da habilidade empática? Que condições sociais, culturais, políticas e econômicas são assinaladas como prejudiciais para o seu desenvolvimento? Que limites (epistemológicos, psicológicos ou éticos) são estabelecidos para o conhecimento e as identificações empáticas? Estas são algumas das questões essenciais e inter-relacionadas que planejo responder ao longo de minha pesquisa. O quadro de referência teórico da investigação é composto, fundamentalmente, por reflexões filosóficas e por estudos históricos sobre os conceitos de comunicação e de empatia (e noções cognatas ou afins, como simpatia e compaixão). Para o exame dos textos jornalísticos que integram o corpus empírico, baseio-me em procedimentos de análise de discurso propostos por Michel Foucault, em suas pesquisas arqueológicas e genealógicas.
Palavras-Chave: Empatia; Discurso; Jornalismo; Ciência; Poder.
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